Esta semana tive a oportunidade bater um papo com o aventureiro Richard Kohler , que está realizando uma travessia da Cidade do Cabo, África do Sul até o Brasil, com previsão de chegar esta semana na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia. Esta é uma travessia inédita realizada por um caiaque cruzando o Atlântico sul.
Esta é uma história sobre resistência, coragem contra todas as adversidades e a indomabilidade do espírito humano. À medida que o mundo encolhe e as oportunidades de aventura diminuem, é preciso um homem de visão única para ser a primeira pessoa a remar sozinho e sem apoio em um caiaque pelo sul do Oceano Atlântico.
TRAVESSIA DO BEM
Nesta travessia o remador busca fundos para o programa operação Sorriso.
A Operação Sorriso opera há 35 anos em 34 países, com milhões de crianças impossibilitadas de obter atendimento médico especializado e caro. A cada R$ 5.500 arrecadados, outra criança pode receber a operação.
O Country Manager da Lauren Bright Operation Smile disse que “é uma honra ter alguém como Richard Kohler escolhendo a Operation Smile como sua beneficiária e aceitando um desafio tão grande, para ajudar a arrecadar fundos para crianças e adultos nascidos com fissura labiopalatal – para ajudar mudar vidas; um sorriso de cada vez.’
Acompanhe a travessia em tempo real:
CONFIRA A ENTREVISTA:
PN: CONTE-NOS UM POUCO SOBRE ESSA AVENTURA?
RICHARD KOHLER: Andar de caiaque sozinho e sem apoio da Cidade do Cabo até Salvador, Bahia foi um grande desafio, realizar esta travessia com sucesso até o momento é uma grande satisfação, pois será a primeira travessia de caiaque com tração humana no Oceano Atlântico Sul.
Para sobreviver por até 80 dias no oceano aproveitando as ondulações, significa que o caiaque precisa ser relativamente grande. Tem uma pequena cabine na frente onde faço minha navegação, preparo da comida e descanso.
O caiaque é equipado com painéis solares para carregar as baterias necessárias para a navegação e, o mais importante, para operar o gerador de água que converte a água do mar em água potável.
A maior parte desta viagem é a fortaleza mental. Remar 10 a 12 horas por dia é fisicamente difícil, mas o controle mental é a parte mais difícil desta aventura.
PN: Sabemos o quão nobre é a sua intenção e o objetivo deste projeto, de onde veio esta motivação?
RICHARD KOHLER: Alguns anos atrás, eu remei sozinho em um surfski por toda a costa da África do Sul. Foram 3300km e foram 70 dias de remada. Fiz isso em prol da Operação Sorrisos. Acredito que todos devem começar a vida em pé de igualdade e crianças nascidas com fissuras não têm essa oportunidade. Esta travessia do oceano é como posso fazer a diferença na vida destes jovens.
PN : Qual foi a pior condição que você conseguiu durante a viagem?
RICHARD KOHLER: As duas primeiras semanas foram de longe as mais difíceis. As piores condições desenvolveram-se na segunda semana quando o mar subiu para swell com ondas acima dos 5 metros e ventos acima dos 40 knots. O pior período culminou durante a noite com as ondas quebrando em cima do meu caiaque tentando rolar para cima e para baixo na face da onda.
Felizmente, o design do caiaque era perfeito e ele não virou ou rolou. Foi muito assustador estar em um barco tão pequeno naquelas condições.
PN: Projetos como o seu, que inspiram pessoas, deixe um recado para nossos leitores:
RICHARD KOHLER: A vida é terminal. Nenhum de nós vai viver para sempre. O tempo está passando.
Saia do sofá e viva uma aventura. Empurre sua zona de conforto. É assim que você cresce como pessoa. Não precisa ser uma grande aventura como cruzar um oceano. Pode ser apenas fazer algo novo. O que você está esperando?