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Downwind – Um guia resumido para a raia do Ceará

Favorecido pela posição geográfica e pela direção, qualidade e constância do vento o Estado do Ceará se firma como o principal destino brasileiro para os amantes do downwind.

Beira Mar de Fortaleza

O Molokabra teve a sua primeira edição em 2019, e ano após ano, vem se confirmando como o maior evento de downwind do Brasil apresentando uma condição tão perfeita que pode até ser comparada com os maiores eventos da modalidade do mundo.

Em 2024 a organização se prepara para se firmar como melhor evento de DW da América Latina. Serão vários dias de provas de velejo nas modalidades Kitesurf, Hydrofoil, Wing Foil, Windsurf e provas de remo nas modalidades Stand Up Paddle, VA’A, Paddleboard ,Surfski e Sup Foil em condições clássicas de downwind que desafiam os competidores.

Molokabra se confirmou como um dos maiores evento de DW do Brasil.

Nesta matéria apresentaremos algumas dicas sobre downwind, equipamentos de segurança e também abordaremos aspectos específicos da raia do Ceará e do MolokaBRA, a qual tenho vasta experiência e conhecimento por ter sido o pioneiro fazendo o percurso de stand up paddle desde 2009.

Onde embarcar:

Você entrando pelo molhe de pedra, reme até o final e vire em direção ao Cumbuco. Melhor entrar no final da maré seca, pois quebra menos ondas na Praia.

Para atletas experientes o melhor ponto para o embarque seria na Praia do Titanzinho, um dos principais picos de surf de Fortaleza. Embarcar neste local significa praticamente estar alinhado com a ondulação e vento, mas é preciso tomar muito cuidado na entrada do pico por ser uma das ondas mais fortes do litoral de Fortaleza, por isso é restrito aos experientes. Mesmo assim o melhor ir com alguém que já conheça o local mas se não for possível o ideal é analisar a previsão de swell, já que você terá que realizar esta travessia com a maré enchendo.

Para os menos experientes o melhor é embarcar na Praia do Mucuripe, de preferência no próprio Iate Clube de Fortaleza, um local abrigado e que é ponto de partida para as provas de remo do Molokabra.

Na baia do Mucuripe, tanto no Iate clube, como em outro ponto a entreda é tranquila

Melhor época:

A melhor época para downwind no Ceará é entre os meses de abril e outubro, período em que vento e a ondulação entram com mais força e com a direção correta. Esteja sempre atento às mudanças de tempo, pois com chuva o vento tende a dar uma parada e deixa a travessia um pouco mais difícil, apesar das chuvas ocorrerem no máximo até maio ou junho, sendo raras ou pontuais após este período. Costuma -se dizer que no Ceará o sol brilha o ano inteiro e não deixa de ser uma verdade.

Nesta época do ano o vento entra forte do quadrante leste/sudeste e a ondulação segue a mesma direção, o que favorece realizar downwinds. É quase impossível não encontrar uma condição clássica em que a diversão e a adrenalina são garantidas.

A organização do Molokabra programou a edição 2023 para o para o final de agosto e início de setembro em datas alinhadas com fases da lua que potencializam mais ainda a formação de bumps oceânicos, ideais para o dowmiwnd.

O que levar:

O uso do GPS é imprescindível para esta travessia. Se possível marque um ponto usando o Google Maps para melhorar a sua navegação, pois além de ficar mais fácil você poderá ver a rota que esta seguindo e a quilometragem feita.

É essencial sempre avisar alguém em terra o horário da saída e o horário estimado da chegada, para que você tenha um parâmetro de tempo de sua remada. Levar o aparelho em travessias deste nível se faz muito necessário devido a algum problema que possa vir a ter no caminho.

O Molokabra conta um criterioso sistema de monitoramento do atleta através do compartilhamento de localização e o uso de aplicativo de localização. A central de monitoramento é interligada aos barcos de apoio e com bases em terra e também tem o acompanhamento da Capitania dos Portos do Ceará.

Prancha ideal e acessórios:

  • Se for usar uma prancha com sistema de leme analise e teste bem os cabos para que você não tenha uma surpresa no meio do percurso.

-Se você vai realizar a travessia com prancha de sistema de quilha fixa, seguem algumas dicas:

Ace umas das melhores pranchas de DW com quilha fixa do mundo

• Qualquer prancha pode ser usada para o downwind, mas existem as que são apropriadas para prática. Nestas pranchas as principais características são: mais volume no bico da prancha com uma curva de rocker bem acentuada (curva de fundo da prancha)e um volume extra nas bordas. Algumas destas pranchas tem a rabeta round pin, que são pontudas, outras um pouco mais quadradas (squash).

Se você reparar, pode ver a rabeta subindo e aquilha dentro da água dando o direcionamento.

• A melhor quilha para se usar é uma que tenha a angulação mais reta e que tenha um comprimento maior pois, quando a prancha está no downwind sua rabeta tende a subir devido aos solavancos das ondas e também pelo surf mesmo. Se você tiver com uma quilha pequena sua prancha perde o ‘drive’ e você fica sem direção

Nos últimos dois anos, a Futures tem se concentrado na criação de um conjunto de quilhas de elite para o DW. Com a ajuda do campeão mundial , Connor Baxter, eles desenvolveram o modelo HI Downwind. A quilha tem um design vertical que dá muito direcionamento e deixa a prancha com um drive nem legal.

• Em relação a leash (cordinha), considero que o espiral ainda é o melhor equipamento, pois além de não ter arrasto na água, lhe da condição de caminhar sobre a prancha durante o downwind.

O leash espiral é o melhor para ser usado nesta condição. Tem alguns modelos com regulagem para que você possa ficar mais solto na prancha.

O uso de leash nesta condição é imprescindível, de preferência dois, e em ótimo estado.

Cair da prancha sem leash é muito arriscado pois rapidamente o equipamento é levado e você ficará à deriva.

  • O uso de colete salva-vidas não se faz obrigatório, mas é um dispositivo de segurança muito útil em caso de ficar sem a prancha. No Molokabra o uso é obrigatório então sugere-se o uso de um colete aprovado e que não atrapalhe a remada. O ideal é que na fase de treinamentos e preparação já se utilize o mesmo colete que se vai usar na competição.

Hidratação:

Levar hidratação para pelo menos 4 horas de remada, gel de reposição, frutas secas, castanhas e tudo que tenha absorção rápida e possa ser consumido sem perder muito tempo. Não mude sua rotina se hidratação e nem inove nessa escolha pois o ideal é aquilo que o seu organismo esta habituado.

Consulta com um médico nutrólogo ou com um nutricionista é uma boa sugestão.

Toques adicionais do editor:

Alex Araújo o precursor do DW no Ceará

Se por acaso você não tiver um carro de suporte e apoio, contrate um taxista e combine um horário e o valor para lhe buscar no pico de chegada. Em Fortaleza há várias escolas e serviços particulares que disponibilizam aluguel de carretas para trazer o seu equipamento de volta. Se tiver algum amigo com 4×4 para lhe fazer o resgate fica mais fácil, além de não precisar andar com os equipamentos por muito tempo depois de uma remada tão longa.

No Molokabra também é possível contratar este serviço. Quem tem o seu equipamento transportando por empresas especializadaseste serviço já está incluído.

Sempre tenha muito cuidado na aproximação da costa, pois picos como Iparana e Barra do Ceará, tem algumas bancadas de pedras expostas. Conhecer a carta náutica é essencial.

Lembre sempre de consultar o sistema de previsão de ondas, vento e tábua de marés e de preferência faça esta travessia com a maré enchendo pois qualquer problema você terá o mar lhe ajudando a chegar à costa. Isso faz uma grande diferença.

Para os novatos não aconselho sair tanto da costa, melhor ir se ambientando e pegando mais confiança. No Molokabra a organização além de colocar a realizarão de treino oficial como obrigatório aos estreantes sugere no seu regulamento que o atleta chegue mais cedo ao Ceará para se acostumar à condição de downwind.

Dos 570 km de costa cearense eu já pude percorrer 400km remando, sempre analisando todas as condições para a prática do downwind. O litoral cearense tem o melhor potencial para a prática de downwind do Brasil, porém o mar é grosso, então não se aventure a fazer travessias sem ter uma pessoa habilitada para lhe acompanhar.

Não fez sua inscrição, corre lá que ainda dá tempo, clique aqui!!

Alex Araujo
Alex Araujo
Alex Araújo é um dos pioneiros em criação de conteúdos esportivos na internet. Atua neste mercado desde 1996 como editor de renomados sites como CAMERASURF, SURF-REPORTER e nas revistas PARAFINA MAG e SUP MAG, e já colaborou com artigos nas Revistas Fluir, Inside,Hardcore e no Jornal Drop.
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