Muitas pessoas não aguentam mais ouvir, comentar ou falar sobre o COVID, concordo plenamente, desde o ano passado, estamos sofrendo com a doença e com o isolamento social. Essa matéria, não é mais uma sobre o assunto, e sim, um novo assunto que está em pauta e quem tem preocupado os profissionais e serviços da área da saúde.
Para começar, a ciência é baseada em evidências e não em fatos, quem é acadêmico, lê artigos científicos e não jornais e revistas (não quero dizer que são ruins, bem pelo contrário, uso como informação e depois, pesquiso para saber mais sobre as evidências) e gostei da frase da semana: Ciência não tem lado. Ciência é bem ou mal feita. Ciência é ferramenta de produção e conhecimento para servir a população priorizando a vida e a qualidade de vida. Mais adiante vou explicar o que está acontecendo e o que está por vir.
O esporte, sabemos muito e continua surgir mais evidências, é qualidade de vida, é anti-inflamatório, diminuiu o stress, atua no psicológico e tem importância social muito grande. Ao mesmo tempo, tem muitos estudos que mostram o impacto na produção do stress oxidativo, na produção de inflamação, no desgaste articular e outros fatos negativos.
Recentemente, participei de um congresso sobre COVID, organizado pela Faculdade de Medicina da UFMG. Foi um excelente congresso, com muitas evidências científicas, explanaram sobre todos os assuntos relacionado ao Sars-Cov-2 e palestrantes com uma didática excelente, que contemplaram leigos e profissionais. Foi muito bom para mim, no ano passado participei de um congresso de COVID, organizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, pude comparar o que se sabia no ano passado e nesse ano.
Depois de ter explanado sobre a origem das informações, vamos aos fatos relacionados ao esporte. Tenho acompanhado mais aqui em Porto Alegre, o surgimento de muito serviços de saúde Pós-COVID. Para surgir tantos serviços é uma ou outra: oportunidade de negócios, saúde não tem preço ou está complicado e muitas pessoas estão precisando de serviços especializados. Sinceramente, na minha opinião, os dois fatos.
O COVID é uma infecção que gera inflamação sistêmica: é o termo que se utiliza atualmente para descrever uma reação inflamatória sistêmica. Ou seja, que afeta o organismo como um todo, e se desenvolve perante diferentes tipos de agentes agressores. O local que o vírus é mais comum afetar é o pulmão, vai gerar uma inflamação no tecido pulmonar e é esse um dos fatores da falta de ar. Entende-se tecido pulmonar, não é alvéolo, e sim os tecidos que o envolvem.
Das outras sequelas, tem duas características bem presentes em muitos pacientes: memória e cansaço físico. Muitos pacientes têm relatado que estão “lentos mentalmente”, que não conseguem acompanhar a leitura de livros e jornais, noticiário da TV e até conversas sociais. E o cansaço físico ou fadiga crônica, que é uma doença bem conhecida no meio profissional e tem se mostrado muito presente, na Síndrome Pós-COVID.
Na prática esportiva, os alunos que apresentam esses sinais e sintomas, temos que ter atenção redobrada e na água, mais ainda. Os reflexos, a capacidade de tomada de decisões, a percepção, a condição física e os índices metabólicos estão diminuídos, afetados e alterados, precisando um controle maior e melhor. É uma doença nova, com características ainda desconhecidas e não catalogadas, não é o momento de aventuras extremas ou testar os limites do corpo, não sabemos como será a reação quando mais precisamos.
E para complicar um pouco mais ainda, muitos pacientes estão apresentando intoxicação e sequelas clínicas, por automedicação e o uso abusivo de medicamentos. Todos sabemos que os medicamentos têm efeitos colaterais, infelizmente não temos como fugir deles, como não se sabe como proceder, foi administrado de tudo e mais um pouco. Algumas discussões científicas, estão fazendo uma projeção para o final do ano, pode ocorrer resistência bacteriana pelo uso excessivo do antibiótico Azitromicina. Vejo como problema, um exemplo uma infecção leve que pode piorar com a exposição ao calor no verão, mesmo tomando antibiótico. Parece piada, mas é verdade, já acompanhei um caso numa corrida de revezamento em SC e o atleta quase foi a óbito, por causa de uma sinusite.
Sei que o esporte é saúde, mas na qualidade de profissional da área saúde, preciso expor a verdade e propagar conhecimento científico. Infelizmente, estamos minados de cientistas do Whatsapp, jornais e revistas propagando fake News e vídeos de profissionais da área saúde, falam “bonito” e ficam populares.
Para finalizar, uma reflexão para pensar e vocês tomarem as suas próprias decisões. Digo para os meus pacientes e alunos: tu preferes seguir a conduta da OMS, OPAS, Sociedade Brasileira de Infectologia e Pneumologia, que reúne os melhores cientistas e pesquisadores do Brasil e do mundo ou UM (01) profissional da área da saúde qualquer que colocou um vídeo no Youtube ou foi entrevistado por um jornal qualquer e de qualidade jornalística duvidosa?
Boas remadas galera!!!,
Fabiano Bartmann
Fisioterapeuta
Profissional de Educação Física
Mestre em Biociências e Reabilitação
Membro da equipe Rabbit de SUP
Fabiano Bartmann vai ministrar um curso on line sobre Doenças Ortopédicas no Esporte – EaD.
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