Batemos um papo com Frank Faro, Capitão do Kaleopapa Canoe Clube, e precursor da canoa havaiana em Salvador e no nordeste do Brasil. Confira a entrevista:
Quando teve a ideia de levar a canoa havaiana para Salvador?
Conheci a canoa havaianas em Waikiki quando ia passear ou surfar no south shore na época que morei no Havaí por 5 anos. Naquela época eu não remava de canoa apenas surfava as belas e grandes ondas do North Shore. No verão via as canoas passando atrás das ondas e no canal da cidade e achava aquele ritual coreográfico das remadas belíssimo e interessante como se moviam rápido em qualquer tipo de condições. A primeira canoa havaiana que remei foi a minha Kaleopapa em Itapoã, fui autodidata, de início fazendo muito zig zag.
Sabendo a dificuldade que hoje para se transportar uma canoa, nos relate como foi a proeza de levar a canoa a Salvador?
Quando voltei de Porto Rico após mergulhar muito, decidi que teria de ter uma embarcação no mar azul sem ondas do verão da Bahia. Pensei em comprar um jet-ski, mas me disseram que estavam fabricando canoas havaianas em Santos e como sou guia de turismo pensei em unir lazer com trabalho, já que não tinha nenhuma e a Baia de todos os Santos era perfeita para remar. Fiquei 5 anos sozinho em Salvador desbravando várias praias e ilhas.
A kaleopapa chegou em Salvador de caminhão e devido à dificuldade de transporta- lá na terra, optei por sempre usar o mar para movê-la, sempre em longas travessias pois lugar de canoa é na água.
A Kaleopapa foi a primeira canoa em Salvador e no Nordeste, quando você hoje o crescimento do esporte aí na Bahia, qual o sentimento?
Fico muito feliz em ver o crescimento das canoas e do esporte na Bahia, fazendo o meu trabalho de iniciação ter valido a pena, e também o esforço que fiz para divulgar, montar equipes e trazer saúde e o estilo de vida do Havaí, para minha cidade que tem um enorme potencial. Porém como todo negócio existem oportunistas que sem ter o sentimento “aloha”, tentam se apoderar e querem ser donos de uma tradição, onde o amor ao próximo e ao mar impera a muito tempo, mas em um mundo capitalista e de concorrência, infelizmente isso acontece em vários lugares. Mas a natureza vem e põe situações adversas como o furacão Lane, que após 26 anos chega ao Hawaii mostrando o que realmente importa, é o bem-estar de uma comunidade e sem união tudo vai água abaixo.
Como você vê o crescimento do esporte no Brasil?
O crescimento da Va’a no Brasil é fenomenal, e alcançou uma velocidade meteórica, agora temos canoas da Amazônia ao Rio Grande do Sul com poucas capitais que ainda não despertaram, mas muito poucas como Recife e Rio Grande do Norte que um potencial enorme com água quente e limpa nas suas redondezas, mas sei que quando o esporte virar olímpico atingirá todos os cantos do país trazendo uma nova geração de atletas.
Além de ter um clube, você também e convidado para o batismo de canoa em outros clubes, fale um pouco sobre esta experiência?
Por ser o dono de clube, mas antigo me convidaram para fazer batismo e com uma sabedoria que tenho de certos costumes do Hawaii fico totalmente seguro em realizar esta cerimônia. Já são mais de 10 batismos onde incorporo o Kahuna, e passo mensagens e um aloha que vem de dentro do meu coração, onde prego a paz e o amor entre os remadores e clubes, e sempre falo da Hokulea que é o catamarã que em 2,5 anos deu a volta ao mundo só com o vento e as estrelas para propagar o Aloha, e divulgar o Malama Honua, que significa salvem os oceanos.
Imua!