Desde os primórdios do surf, sua essência constituía em deslizar uma onda, fosse com as pranchas de surf havaianas (papa heʻenalu), feitas de KOA, ou um cabalito de totora no Peru.
Em algum lugar ao longo da linha do tempo, o propósito original foi diluído e hoje em dia nos encontramos compartilhando opiniões com pessoas bastante obstinadas, que gosto de chamar de “puristas”, que pensam que a única maneira correta de deslizar uma onda é usando uma prancha de surf.
Um tempo atrás na década de 80 quando comecei a surfar, lembro que os longbardes tinham o mesmo preconceito que ainda hoje vemos com os SUPers.
Realmente estas pranchas tem uma certa vantagem sobre o surf convencional, mas isso não é motivo para que isso se transforme em hostilidade. Cabe a nós surfistas de remo, termos o bom senso e saber nos posicionar no pico, sempre levando em consideração a lei da prioridade. Alguns “Supers” realmente não tem noção e usam esta vantagem para estar sempre nas melhores ondas, não deixando passar uma da série para o resto dos surfistas no pico. Agindo assim com certeza você será hostilizado em qualquer lugar do planeta.
Algum tempo atrás quando o FOIL chegou no outside, vi vários absurdos, neguinho de jet ski entrava lá atrás na onda ainda se formando e vinha rabiscando a onda até o raso e repetia isso várias vezes sem se importar com o crowd que se formava no outside.
Resolvi escrever este artigo, para simplesmente mostrar que com bom senso e educação podemos conviver em harmonia no outside. Saber chegar e respeitar a dinâmica no mar, não levar vantagem por estar com um equipamento mais rápido, e em algumas vezes, tentar cair em um pico menos “crowdeado”, pode fazer uma grande diferença na hora de se divertir.
Como afirmei no início: surfar é a arte de surfar uma onda, não importa a embarcação que você use. O equipamento que você usa, não o define, mas sim as suas ações. Respeite e divirta-se na água.
Como sempre falei aos meus amigos, minha concepção é: “Não existe mar ruim, sim escolha de equipamento errado”.