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Mestre do mar – Percepção X Realidade

Percepção X Realidade, uma constante para quem navega!

Certa vez, em um dia de maré de lua cheia, vazante, sai para treinar para fora da boca da Barra, entrada da Baia de Guanabara. Um grupo de alunos saiu também, porem sem ter checado a tabua de maré.

No final do dia, durante uma resenha, divergimos sobre como estava a maré ate que ela disse: Eu senti que estava enchendo!

Fiquei com aquilo na cabeça, pois realmente a sensação era essa. E ai, como explicar de uma forma clara e fácil?

A primeira coisa a entender nesse caso é o fluxo das aguas, e como apenas olhar para a variação em metros das tabuas e entender o relevo, a geografia do lugar.

Em um lugar muito fundo a forca da corrente de maré será sempre maior que um lugar raso; Um lugar mais estreito terá sempre mais forca que um lugar muito largo.

E dai vem ate uma historinha bem interessante. Uma das razoes do nome Rio de Janeiro, deve-se ao fato de que em marés de lua de sizígia (luas novas ou cheias) a entrada da boca da barra parece realmente uma entrada de Rio!

Abaixo fica claro como a agua afunila, como se fosse uma mangueira quando restringimos a agua com nosso dedo.

Ai entra o papel da sensibilidade do remador com relação a velocidade:
Quantas vezes estamos remando, surfando, e quando vemos estamos a 8, 10 km/h, quando na verdade temos a sensação que estamos muito mais velozes. Será que realmente estamos enganados? E neste caso, por quê?
A resposta é sim e não.

Sim, estamos enganados, pois não estamos andando tão rápido quanto pensamos perante ao solo, mas estamos andando tão rápido quanto pensamos perante a velocidade aparente.

Esse aspecto torna-se muito similar a correr na esteira: Perante o solo, nossa velocidade é zero (não saímos do lugar), porem para nos mantermos parado temos que correr na mesma velocidade que programamos na esteira.

Outro exemplo clássico e que demonstraremos através do link abaixo, são as ondas que se formam quando o rio de Waimea é aberto e forma-se ondas nas quais os surfistas ficam parados. Ora, existe um fluxo de água com uma velocidade especifica indo em direção ao mar. Logo, para se manter parado, o surfista está com uma velocidade igual ao do fluxo de água vazante!

E no fim, qual a importância de sabermos esses detalhes?

No caso relatado anteriormente, existe uma grande diferença entre sair da boca da barra com a mare vazante ou enchente. Se nos basearmos apenas na nossa percepção, colocaremos a tripulação em risco, já que no caso de um Huli com a maré vazante, os remadores serão ejetados para fora da baia de Guanabara, situação essa muito mais grave do que em uma maré enchente, onde os remadores serão jogados para dentro da baia de Guanabara, aguas abrigadas.

Outro ponto, significa muito para o plano de navegação, seja ela recreativa ou ate mesmo competitiva.

Como saber para onde o fluxo de maré se move?

Existem algumas formas, e a principal dela chama-se tabua de marés do local, que pode ser acessado através do site da marinha (essa tabela informa a variação de vários anos); Existem os sites de surf que tem também essa informação, e o aplicativo indicado pela marinha, chamado Boletim ao mar.

Outra forma são os pontos de referencia de terra ou marítimos, tais como uma boia de canal por exemplo. Marque um ponto, fique parado e perceba para onde esta sendo empurrado.

Vale frisar que neste caso especifico, estamos isolando apenas um fator de analise. Existem outros tantos que comporão a resultante de navegação, que é a combinação das direções do swell primário e secundário, da direção do vento, da corrente de maré e intensidade de cada um deles.

Na próxima semana, falaremos sobre perigos escondidos!
Aguardem!

MAIS IMPORTANTE QUE O IR SEÁ SEMPRE O VIR!

ALOHA!

Douglas Moura
Remador e mestre amador.
Instagram: aloha_douglas_;
Facebook: Douglas Moura
Douglas conta com os apoios – @Evoke eyeswear; @PuroSuco.oficial;@ RaldreiNatividade fisioterapia esportiva; @Rpilates; @AcademiaNiteroiSwim; @IcarahyCanoa;
Além disso, desenvolve treinamentos focados em navegação segura.

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