Nesta matéria trocamos uma ideia com Sylvio Mancusi, mais conhecido pelos amigos como “Mauka”. Silvio foi um dos precursores do big surf brasileiro e também um dos primeiros surfistas, a exercer uma carreira bem sucedida de free surf em uma época onde poucos atletas se destacavam nesse novo nicho de mercado. Formado em jornalismo, o atleta passou a escrever matérias para vários veículos especializados, e hoje comanda um programa no canal OFF, onde mostra sua rotina e de sua família, vivendo da cultura do mar em vários pontos do mundo.
Sylvio é um verdadeiro Waterman e faz jus a patente, pois além de um exímio surfista, também pratica kite, SUP e Hidrofoil. Confira um pouco da história deste Brasileiro que personifica a imagem de um pai de família e um atleta que correu atrás e hoje é bem-sucedido.
No Guarujá você sempre se destacou quando o mar subia e teve sempre muito apoio de uma galera de peso como Taiu e Jorge Pacelli, foi deles que você herdou o gosto do big surf?
Aquele ditado popular “diga com quem tu andas que eu direi quem tu és”, caiu perfeitamente assim na carreira que eu amo. eu vendo ali a galera do Guarujá que sempre subiu para o Havaí. Taiu, Pacelli, Murilo Chambelland, Anésio entre outros que amavam o Havaí, vinham para cá e pegavam altas ondas. E com isso despertou meu amor pelas ondas grandes, só tenho de agradecer, pois abriram o caminho, Taiu e Pacelli foram meus mentores, mas muita gente legal me ajudou e me incentivou, tenho só que agradecer pela vida deles, e por terem me ajudando tanto.
Na época todo surfista fazia o caminho de entrar para os circuitos para tentar se dar bem e ter uma carreira no esporte, com você foi o contrário, decidiu largar as competições e viajar atrás das ondas perfeitas e realmente grandes, surgia aí a carreira de Freesurf?
É verdade, eu como todo moleque vivia na água, entrei no mar pela primeira vez os nove anos foi uma paixão. Comecei a surfar todo dia e eram ondas pequenas, e fui para os primeiros campeonatos. Comecei a me dar bem, fiquei 15 anos na Hang Loose e os primeiros anos, eu era pago para correr o circuito Brasileiro amador nas categorias Mirim e Júnior. Eu me dava bem no campeonato só quando tinham ondas grandes, fazia a final e ganhava, minha dificuldade era onda pequena naturalmente. E quando eu vim para o Havaí primeira vez, eu não sabia que ia acontecer, mas eu vim para treinar para conhecer, foi uma paixão muito grande e a partir daí eu comecei a me dar bem na mídia, comecei a ter destaque.
Eu cheguei no Brasil dessa viagem, mesmo sendo patrocinado, quem pagou foi meu pai. No outro ano, ele disse; não dá, não te pagar todo ano para ir para o Havaí. E nessa surgiu uma oportunidade de um patrocinador me pagar para ir para o México num swell gigante com o Pacelli, ele falou essa é sua oportunidade, cara. Eu vinha para o Havaí e só queria surfar de manhãzinha 5 horas da manhã ou final de tarde que não tinha crowd, então não saia pouca foto minha na mídia. Ai o Pacelli falou, “meu irmão eu já vi que você gosta, é o seguinte estamos com fotógrafo, agora é sua oportunidade de aparecer”, dito e feito, botei para baixo umas morras e uns 10 12 pés no México, fui capa e página na dupla de várias revistas, foi animal. No ano seguinte o patrocinador me pagou para ir para o Havaí, e começou, cheguei aqui conheci o Romeu Bruno, comecei a fazer tow-in, fomos os pioneiros por muitos anos, e a história vai em frente até hoje.
Silvio você foi um dos precursores do BIG surf em uma época que esta modalidade não era tão difundida e também as condições eram bem mais precárias que hoje em relação de equipamentos. Você que acompanhou toda esta evolução nos fale um pouco das principais dificuldades que teve no começo, e como vê a cena do big surf hoje no mundo?
É realmente quando a gente começou a fazer Tow-in e surfar onda gigante aqui, os jet-skis quebravam toda hora, era tudo muito primitivo. colete eram aqueles de wake board fininhos, tomava uma de 60 e 80 pés na cabeça praticamente não tinha nenhuma segurança, aquele colete era mais impacto para não quebrar uma costela. Hoje em dia desenvolveu muito o big surf e fico muito feliz de ver isso e agora tá mais na remada. Eu amo fazer tow-in, eu tenho um jet ski, mas realmente é difícil, sempre acostumei com o esporte de pegar sua prancha de surfar você sempre Depende de outra pessoa para poder surfar, as vezes fica complicado. Eu tenho feito menos tow-in, estou indo mais remar mesmo e uso o jetski mais fazer Foil ou para fazer um apoio, mudou o conceito. Eu também estou fazendo stand up paddle em onda gigante. Descobri que eu sempre tive o braço meu curto para entrar nas ondas e o remo me ajuda tenho pego umas bombas gigantes nos outers reefs de SUP e também em picos como Jaws e Waimea.
No SUP você foi dos primeiros a surfar Jaws, mas onde fez história, mesmo foi em Vinapuu sendo o primeiro SUP a ter surfado aquela onda, que além de mística é bem perigosa, como foi esta experiência?
Comecei nessa história de SUP, e foi uma outra paixão é ainda até hoje e realmente chegar na Ilha de Pascoa e ser o primeiro a pular naquele lugar, foi um choque. A Ilha de Pascoa é o local mais cabuloso que eu conheço no mundo inteiro que eu já pude surfar. Não tem plateia não tem hospital, é você e Deus. É bom você estar de consciência limpa para surfar ali. Fui o primeiro fazer SUP no pico um swell de 10 a 15 pés, foi demais até eu fiquei emocionado com toda aquela situação. Depois de um tempo eu vi aquelas ondas da Tasmânia, aquele degrau naquela onda sinistra nunca tinha visto ninguém fazer SUP no pico, e também foi um outro sonho realizado. Cheguei lá entra no meio do crowd que eu nem conhecia muita gente, mas conquistei meu respeito meu espaço mesmo de SUP. Respeitando todo mundo pegando as que sobravam as vezes uma menor, outras maiores, os caras até comemoraram comigo as ondas que eu peguei, então também a Tasmânia foi marcante na minha vida.