O Stand up paddle, é um esporte muito interessante por vários fatores. É um esporte democrático, onde qualquer pessoa consegue remar, na 1º aula ou de brincadeira na prancha de algum amigo. E outra característica, é o único esporte de remo, que é praticado de pé.
Em muitos Estados Brasileiros, teve uma ascensão muito grande, com adesão de muitas pessoas. Campeonatos e eventos, agregavam remadores de todo o Brasil. E consequentemente, é uma coisa lógica: aumenta os números de remadores, aumenta o índice de lesões. Não estou afirmando que o esporte gera lesão, é uma lógica estatística. Quanto maior o número da amostra, maior é a incidência dos fatores.
Para o meio científico, em programas de graduação e pós-graduação do meio acadêmico, não existe: eu acho ou na minha prática ou é comum ou eu tive ou eu conheço pessoas que…. Sempre perguntam: qual o artigo ou a pesquisa ou o capítulo, que fomenta essa tua afirmação?
Quando estava no mestrado, em 2018, ouvia muitos remadores relatando que o SUP, gera dor no ombro. Mas na minha prática clínica, ombro é uma coisa e região do ombro é outra muito distinta, que sofre interferência de outros fatores biomecânicos e posturais. Como na época encontrei poucas evidências sobre a origem da dor no ombro, fiz uma pesquisa com os remadores do RS sobre o perfil de dor e lesão, para encontrar a justificativa da dor no ombro.
A pesquisa foi realizada com 52 remadores do sexo masculino e 15 remadoras do sexo feminino. A maioria do sexo masculino, são Master com 25 remadores e do sexo feminino, foi mais distribuído as categorias. Quanto a experiência, a maioria remavam mais de 05 anos e com bastante remadores, já praticavam uns 04 anos.
Para caracterizar o grau de dor, é utilizada a escala análoga de dor, que vai de 0 a 5. A escala de dor nota 3, refere como Moderado desconforto ou dor, aonde os remadores e praticantes de esporte, conseguem suportar, considerando como normal da prática esportiva, a nota 4, que é Bastante desconforto ou dor, não é considerado normal para a realização de exercício, é indicativo do início de lesão e a nota 5, Intolerável desconforto ou dor, se torna um indicativo de alteração biomecânico e está gerando processo inflamatório.
Considera-se as notas 4 e 5, para caracterizar o início de lesão da prática esportiva. Do sexo masculino, houve 50 marcações na escala de dor 3, 29 na escala de dor 4 e 4 mencionaram escala 5. Os locais que houve maior expressão foram Lombar lado direito com escala 3 eram 16, na escala 4 foram 7 e na escala 5 tinha sido 2, depois Lombar lado esquerdo com escala 3 foram 7, na escala 4 foram 8 e na escala 5 são 2, o Ombro lado direito anterior na escala 3 foram 7 e escala 4 foram 7, Ombro lado direito posterior, na escala 4 foram 7 e por último Ombro lado esquerdo anterior escala 3 foram 9. Podendo dizer que os locais mais doloridos conforme as respostas são Lombar lado direito, Lombar lado esquerdo e Ombro lado direito anterior e posterior.
Voltando a percepção dos remadores de SUP do RS, a dor mais comum do esporte é o ombro. Pela pesquisa, relatam mais dor na lombar, depois ombro a parte de trás e a parte da frente. A dor na parte de trás tem relação com a lombar, por um músculo chamado Grande Dorsal, que agora é conhecido por Latíssimo do dorso. É o famoso músculo da “asa”
O Grande Dorsal ou Latíssimo do dorso, origina-se na lombar, segue pela lateral do corpo e se insere no braço, perto do ombro. Segundo as bibliografias, são poucas sobre esse assunto, referem o encurtamento muscular, interferindo na função biomecânica do ombro. E a dor anterior do ombro, com certeza é do atrito dos músculos e da articulação e também da rotação do ombro, quando rema.
O número de remadores da pesquisa é muito pequeno, ela foi realizada somente no RS, pela facilidade e o tempo que eu tinha. Não foi realizada com remadores de destaque ou nível técnico do âmbito nacional. Teríamos uns 05 remadores, que se enquadrariam nessas características. Se pensarmos assim, não faremos pesquisa científica e iremos viver no “achismo”. Quero traduzir esse artigo para língua inglesa, para colocar o Brasil na vanguarda da pesquisa internacional de SUP. E claro, gostaria muito de fazer essa pesquisa a nível nacional, já tentei, mas não tive apoio e nem adesão de vários locais do Brasil.
A pesquisa pode ser acessada de forma on-line:
https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/45857
Fabiano Bartmann
Fisioterapeuta e Profissional de Educação Física
Mestre em Biociências e Reabilitação
Membro da equipe Rabbit de SUP