Segurança no Downwind: relato sobre a importância do leash – Além do colete de flutuação, o leash é o principal elemento de segurança em uma navegação de downwind pelo simples fato de manter a prancha próxima em caso de uma queda na água.
Aqueles que já passaram por uma situação em que caíram da prancha sem estar usando o leash ou na eventualidade de haver partido a cordinha certamente viram a prancha se distanciar mais rapidamente do que a velocidade de nado em direção a ela. Os relatos de quem já passou por essa situação são mais do que suficientes para sensibilizar aqueles que acham que usar o leash enquanto remam ou navegam em downwinds atrapalha a movimentação na prancha ou procuram uma maior liberdade e até mesmo uma pitada de adrenalina não deveriam arriscar a sorte ou até mesmo a vida negligenciando o nosso “cordão umbilical” do remo. O ego nessas situações pode custar muito caro…
Downwinding safety.. from DavidJohn on Vimeo.
Segurança é um tema que nunca é demais e deve-se sempre ter em mente as redundâncias necessárias para evitar perder a flutuação ou visibilidade de resgate se houver (ou quando houver) uma situação de risco ou acidente. Além do check list com os elementos de segurança mais comuns (colete, leash, apito, canivete, hidratação, gel carbo, ferramentas, dispositivo de comunicação e gps), nunca é demais se precaver trazendo um leash de reserva em rotas mais longas.
Hoje existem vários tipos de leash que atendem a preferência de todos, como o single coil, double coil, corda rígida e corda elástica com opções de fixação no tornozelo, abaixo do joelho e na cintura. No meu caso, prefiro o leash de corda fixo na cintura pela leveza e para ter mais liberdade de movimento. Também uso uma mochila estanque de 20L que comporta facilmente esses elementos de segurança, além de funcionar como mais uma redundância de flutuação, me trazendo conforto e paz de espírito durante minhas travessias a alguns quilômetros da costa.
Outro ponto essencial é fazer a conferência do equipamento antes de sair de casa, garantindo que não está esquecendo o leash e que não há nenhum ponto de fadiga ou desgaste que possa por em risco o pleno funcionamento em condições críticas. Aquele famoso “vai assim mesmo” no caso de um esquecimento, uma rachadura na borracha ou corda desfiada podem não performar como deveria em uma situação extrema em alto mar ou arrebentação.
Na minha experiência, já tive quebrada a presilha do leash que fixa na cintura após uma queda dropando um vagalhão em alta velocidade. Por sorte, após o impacto a prancha repousou de lado fazendo com que ela não se distanciasse de imediato e permitindo que eu alcançasse rapidamente. Como não carregava na mochila um leash reserva, improvisei um nó que obviamente não segurou por muito tempo, tendo que finalizar o trajeto sem a devida fixação do leash.
A consequência disso foi que, ao chegar na praia como planejado, o leash soltou novamente e segurei a corda pela mão durante uma onda já chegando na praia. Isso me causou uma fratura do dedo maior devido à pressão da onda levando o peso da prancha na zona de arrebentação. Após o acidente eu me dei conta que tudo isso foi causado pela falha no leash mas por sorte não ocorreu ao longo da travessia.
Esse é o relato de apenas uma possível situação relacionada à falha do leash que poderia ser antecipada e evitada após uma simples vistoria prévia para garantir a segurança e o bem maior que temos, que é nossa saúde e nossa vida. Portanto, sempre use o leash…