Segundo a mitologia havaiana, Pulupulu é o deus patrono dos construtores de canoas. Filho de Kane (também conhecido como Eli ou Eli-Eli e considerado o pai de todos os seres vivos). Por Kane ser o deus das florestas e das árvores, portanto, responsável pelo elemento principal na construção de canoas – a madeira – existia uma rivalidade entre ele e seu irmão Kanaloa, o deus do mar, provocada quando as embarcações advindas do domínio de Kane adentravam em seu território. Por isso, seria melhor que outra criatura cuja relação com Kanaloa fosse neutra se tornasse o protetor dos construtores de canoas, tendo sido nomeado para isso Pulupulu. Ele ainda foi considerado o inventor da ferramenta usada para entalhar as canoas a partir de troncos de árvores.
Segundo conta a história, Pulupulu não tem um destino fácil. Pele, deusa dos vulcões, e sua irmã Hi’iaka apaixonam-se pelo mesmo homem, um príncipe mortal chamado Lohi’au. Então, Pulupulu fica ao lado de Hi’iaka nesta disputa e, imbuída de ódio, Pele o expulsa das ilhas do Hawai.
Há também outras deidades que acompanhavam os remadores: Ki’i kane e Ki’i wahine (ki’i = imagem; kane = masculino; wahine = feminino). Nas canoas polinésias, o lado esquerdo (que pode ser a ama/flutuador ou um segundo casco formando um catamarã) é considerado o lado feminino da embarcação, enquanto o casco direito representa o lado masculino. Por este motivo, Ki’i wahine fica amarrada a bombordo e ki’i kane a boreste.
Estas imagens eram usadas como forma de proteção para a embarcação e seus remadores e juntas representam a personificação do espírito havaiano que cuida das canoas. A Ki’i wahine possui olhos arregalados que simbolizam o dom da visão e da previsão, enquanto ki’i kane equivale à sabedoria. Antes de sair para navegar com as wa’as, as estatuetas eram enfeitadas com colares de maile, uma planta nativa havaiana considerada sagrada pelos antigos polinésios.
Que lição podemos aprender com a mitologia havaiana?
O povo havaiano possui um profundo respeito pela natureza e pela sabedoria de seus ancestrais. Assim, a habilidade da visão e da previsão de ki’i wahine podem ser traduzidas como a necessidade de saber como a natureza se comportará antes de colocar a canoa na água. Para isso, usamos desde a leitura dos sinais naturais, conversamos com os pescadores e até usamos aplicativos que sinalizam as condições de tempo, clima, maré, ondas, etc.
E a sabedoria, antes simbolizada por ki’i kane, pode representar nossa própria capacidade de analisar as situações antes de uma remada e de tomar decisões assertivas em busca de uma prática segura e bem sucedida.
Por: Nany Lima
Fontes:
http://archive.hokulea.com/builddeities.html
http://www.hokulea.com/eyes-ancestors/
Muitas #historiasderemador