Aloha galera, estamos aqui com mais uma coluna Mestre do Mar!
Durante muito tempo na minha carreira trabalhei como profissional executivo em empresas de embarcação, tendo sido coordenador de embarcações além de outros cargos relativo à indústria.
Nessas embarcações uma coisa me chamava a atenção: O nível de segurança pois mesmo sabendo da maioria das situações diariamente havia o minuto da segurança.
Hoje como capitão amador formado pela marinha do Brasil trago esse ensinamento guardado e sempre uso ele, mesmo que seja comigo mesmo.
Os meses de inverno estão chegando e com os meses de inverno, frentes frias constantes estão se aproximando.
E com as frentes frias, os grandes swells começam a apontar no horizonte, nos gráficos de previsões e o coração de muitos aceleram.
Costuma-se dizer que o dia anterior ao swell é muito mais tenso que o dia do swell propriamente dito.
Contudo esses fatores todos tem um fator fundamental: Conhecimento dos seus limites.
Atualmente o numero de pessoas que estão remando de canoas individuais, a quantidade de pessoas abrindo clube com pouquíssimo tempo de mar e menos ainda de canoa tem sido alarmante.
Para se conhecer um limite no mar se exige muito tempo de água, e quanto mais novo se vai para o mar, mais a pessoa se conhece. Sabe que tomar um caldo de uma onda de 2 metros é ruim, de 4 metros para a maioria dos mortais é morte.
Passa-se a saber que um vento pode ser forte ou fraco, e o que determina isso é o tipo do barco que se está navegando. E antes do problema acontecer já se antecipa para rizar uma vela, mudar o barco de rumo.
Porém quem nunca foi para o mar, mesmo sendo atleta de outros esportes, não conhece esse limite e aí que mora o problema.
Para um leigo o que é um mar grande? O que é um vento forte? O que é esse limite?
Vencer barreiras exige muito treinamento e uma preparação de estrutura de segurança de acordo com o tamanho do desafio que se quer superar.
O grande problema é que muitos desses novos entrantes no mundo da canoa querem fazer o que outros com anos de experiências no mar, com uma aquacidade desenvolvida ao longo de anos fazem.
A consequência é séria.
Atualmente temos inúmeros gráficos de previsão muito apurados, mas mesmo assim existe uma margem de erro.
O que minimizará ainda mais esses erros é uma leitura da atmosfera. Que nuvem está no ar? Qual a ronda do vento? Qual a temperatura da água?
A conjugação gráfico de previsão X situação in loco certamente será um diferencial. Mas ainda assim existe o fator “se”. Pode ser que ele nunca aconteça, mas se acontecer qual o preparo real do remador, da pessoa que está no mar para resolver?
Muitos conceitos que são usados no mundo da canoagem polinésia as vezes fazem com o que o remador se sinta muito mais seguro do que deveria. Um exemplo clássico é o colete que todos chamam de salva vidas, mas que na verdade não salva vida. O nome correto nem flutuador é, mas sim AUXILIAR DE FLUTUAÇÃO. Isso muda tudo, tudo mesmo, pois mostra pelo próprio nome que se a pessoa não consegue flutuar, esse equipamento tem um limite.
Vejam, esses fatores causadores de acidentes estão cada vez mais em evidencia. E mais cedo ou mais tarde no rumo que a modalidade está tomando no Brasil, teremos um acidente fatal.
Já ouvi argumentos do tipo: “Mas todo esporte morre gente” … Ora, faça-me o favor. Se podemos mostrar os agentes causadores de uma possível fatalidade e com isso evitarmos essa deve ser a busca, e não justificar um ato que saiu do controle pois todo esporte é assim.
O problema de relatar um acidente é que as pessoas normalmente se veem constrangidas e escondem o jogo ou fazem uma analise sempre dizendo que foi culpa do acaso e fazem textos explicativos lindos.
Para quem analisar a situação a fundo com conhecimento verá que está tudo maquiado. E esse tipo de relato colocará outras pessoas que lerem o texto em apuros igual pois a raiz do problema não foi explicitada de forma clara, com todos os porquês respondidos de forma imparcial.
Todo acidente no mar deve ser reportado para as autoridades marítimas, e aí entra um outro ponto: Na hora do acidente somos navegadores ou remadores? Na hora que convém somos remadores, mas na hora que convém e vamos para o mar aberto e somos navegadores. Até a hora do problema, quando somos vitimas do acaso e assim será reportado, quando for questionado.
Em todos os meus acidentes, e sim foram alguns, em todos eles fiz questão de demonstrar meus erros, minhas analises equivocadas antes da partida, como solucionei na hora e o que fiz a partir de então para que ele não ocorresse nem comigo nem com meus colegas de mar.
No mar a única vergonha chama-se omissão de fatos pois estas omissões podem custar vidas. Tem que se narrar o fato como eles são e se a causa (não culpado) somo nós por qualquer razão devemos assumir o erro humano. FAZ PARTE ERRAR, OMITIR, FLOREAR, NÃO.
Aloha!
Confira mais artigos de Douglas Moura com a coluna Mestre do Mar, clique aqui!
Grata Douglas!! Sempre adicionando, somando…