Doctor Paddle – Agora começa a confusão, um problema que é corriqueiro e gera diversos comentários, dicas, instruções e a pergunta mais frequente: quando vai operar? Ou vai para de remar, né?
Adoro aquela propagando do Whiskas. O gato fica olhando e ouve apenas: blá blá blá whiskas sachê blá blá blá whiskas sachê. Praticamente é isso, defendo a teoria: diagnóstico errado, tratamento errado.
A protusão discal, é uma ruptura parcial do disco intervertebral, na ressonância, aparece como um abaulamento do disco. Isto é, não rompeu, ainda. Já a hérnia de disco, houve a ruptura do disco e o núcleo pulposo (gelatina dentro do disco intervertebral e o nutri), herniou para fora.
A pergunta é: o problema está na hérnia de disco? Sim e não.
O sim, é quando dificulta a qualidade de vida, está sempre doendo, não permite ficar sentado ou deitado e dentre outras coisas da vida.
Mesmo com esse quadro de dor e limitação, é preciso operar? Nem sempre, a dor pode não estar na compressão do nervo pela hérnia, e sim, por outros fatores na região da hérnia, como a compressão muscular.
As pessoas têm mania de dizer: já fiz quase de tudo para tratar e nada resolveu. Quase de tudo, o quê? Medicamento, bloqueio, calor, gelo e alongamento. Infelizmente, nada disso resolve em quase todos os casos, é raro funcionar e se funciona, é por um período de tempo, volta tudo.
O diagnóstico de hérnia ou protusão, não quer dizer que a origem está coluna (coitada da coluna, sempre é a culpada), pode estar na compressão de um ou conjunto de músculos. Na região da lombar, pode ser do quadrado lombar, síndrome do piriforme ou contratura de obturador interno. E isso veio de diversos lugares: má postura ao sentar, ergonomia errada, alteração de pisada e até um trauma antigo do tipo 10, 15 ou 20 anos atrás.
Vão perguntar também: quem faz esse diagnóstico então, se no exame aparece o problema e tu está afirmando, que não quer dizer que essa seja a origem? Um fisioterapeuta mais experiente ou um Profissional de Educação Física, que já trabalhou com fisioterapeutas ou com conhecimento adquirido no decorrer dos anos. Já fiquei sabendo de enfermeiras, que fizeram o diagnóstico desse problema. Não interessa o profissional, e sim, a experiência dele.
E a pergunta mais importante agora: preciso parar de remar? Depende de quanto o problema te incomoda.
A natureza não se encarregou de melhorar o teu quadro, milagre não acontece, já viu que medicamente não funcionou, quando está em crise ou com dor, tem que fazer um tratamento, melhorou, tem que reforçar. Sem reforço muscular, não tem estabilização da região e a fadiga pela fraqueza muscular, vai gerar inflamação, vai “irritar” os tecidos e vai voltar tudo.
Voltando a resposta de quanto o problema te incomoda. Pensa no teu histórico de acidentes, quanto tu maltrataste a tua coluna? Tem casos, infelizmente, fez tantos estragos que a coluna não aguenta e não tem mesmo o que fazer, precisa migrar para outros esportes. Uso muito uma frase para os meus alunos e falo para os mais jovens: tudo que tu fez no passado, vai pagar no futuro.
Outra pergunta que me fazem muito: qual alongamento indicado para hérnia de disco? Nenhum. O alongamento não é a solução do mundo, existe uma sequência de coisas para ser feita: tratamento, reforço e alongamento. Claro, tem pessoas que são tão encurtadas, que precisam fazer pilates umas 2x vezes por semana, para poder ter resultado de verdade. Apenas 1x, é muito pouco.
Outra coisa, um dia vou descobrir quem disse que abdominal é excelente para hérnia. Claro que é excelente para a hérnia, tu rompeste o disco e a flexão vai forçar mais ainda a herniação, por isso que é excelente. Claro que se faz abdominal quem tem hérnia de disco, mas fortalece a lombar também, para ativar o agonista e o antagonista, caso contrário, terá um abdominal forte e uma lombar fraca. Descompensação postural.
Eu tenho hérnia de disco lombar e faço quase tudo: mountain bike, mergulho, trilha de jeep, sandboard, vela, canoa havaiana, SUP e tudo mais que aparecer. A minha dor na lombar é mais por fraqueza muscular e encurtamento. O encurtamento é uma condição que tenho dificuldade de resolver, o pilates é com hora marcada e não consigo ter essa regra, por causa do trabalho. Mesmo eu tentando me organizar, daqui a pouco tudo se desorganiza. E a canoa havaiana eu gosto de remar, mas com o meu histórico de acidentes fazendo trilha de moto e de mountain bike e outros esportes, sinto dor na flexão de tronco. Prefiro esportes sentado com apoio de coluna.
E sinceramente, não fico triste, consigo remar de SUP longas distâncias, que é a minha preferência e especialidade e não sinto dor. E tem outra, me diverti tanto, que aprendi a me adaptar com o que eu consigo fazer hoje.
Parafraseando o meu mestre, foi meu professor na Faculdade, um ótimo atleta e técnico de vôlei e hoje é um grande técnico de Beach Tennis, com quase 70 anos, o prof. Santini: o negócio é se divertir!!!
Fabiano Bartmann
Fisioterapeuta – CREFITO 5 / 50266-F
Profissional de Educação Física – CREF 9768-G/RS
Mestre em Biociências e Reabilitação
Especialista em Acupuntura
Professor da Faculdade Sogipa
Bicampeão Gaúcho de SUP Race Master – 2017 e 2018
Great post! Im surely sharing this with my friends! Had fun reading it indeed.