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Diário de bordo – Expedição Caminhos das Aguás

Atleta Caio Mariani envia seu relato sobre uma expedição alto astral realizada de Santos até São Sebastião, Confira a matéria:

O pôr do sol da Ponta da Praia de Santos é especial, havia saído para contemplá-lo nas águas da baia de Santos com minha canoa havaiana. Na volta encontrei um amigo dinamarquês. O Søren Knudsen é um cara brincalhão, sempre de alto astral, me cumprimentou e já veio me falar sobre uma expedição, saindo de Santos até São Sebastião, que ele estava organizando e precisava de remadores.

Na hora me interessei, o litoral norte de São Paulo é composto por praias paradisíacas e protegido por uma muralha de montanhas pintada por árvores de cor verde, daqueles verdes, verdes mesmo.

Equipe:

Contamos com uma super equipe de remadores experientes de idades desde os 38 até os 65 composta por Pedro Console de Moura Ribeiro (38), Carlos Augusto Oliveira Nunes (65), Adriano Brusasco Pini (38), Soren Knudsen (61), Caio Mariani ((38) e Klaus Monteiro de Souza (58).

Abri meu WhatsApp e ele havia me enviado um documento, comecei a lê-lo, com as palavras do Søren: “replicando a viagem que o explorador britânico Captain Richard Burton fez de canoa-de-voga em 1866 para situar o livro Duas Viagens ao Brasil de Hans Staden.”

Hans Staden é uma lenda, era um mercenário alemão, foi prisioneiro do Tupinambás por nove meses e escapou de ser devorado, voltou para a Europa, e em 1577 publicou o primeiro relato do litoral norte e dos costumes indígenas sul-americanos.

Quando eu terminei de ler os três primeiros parágrafos do documento, mudei completamente meu estado, fiquei em êxtase, a expedição, na verdade era uma viagem ao tempo e o portal era o mar. Só um palavrão caberia aqui.

Sexta-feira, olhei da janela do quarto e vislumbrei um amanhecer ensolarado com algumas nuvens no céu e um mar de almirante, uma piscina de água salgada, a lua quase cheia indicava maré de sizígia (grande variação de maré), peguei minha sacola impermeável e fui para o encontro com a equipe no canal 6, não nos conhecíamos, ia ser praticamente o primeiro contato.

Cheguei na praia, um pouco atrasado, a canoa já estava na beira, e a equipe amarrava os iakos. Cumprimentei todos, desejando um bom dia. Finalizado os preparativos finais, Søren juntou todos, de forma positiva discursou um pouco sobre a falta de ego que era necessário para completarmos a missão com tranquilidade, e fez uma oração de Iemanjá (que tem como alcunha Janaína que é o nome da canoa), no dia anterior havia sido o dia dessa divindade.

Entramos com a Janaina no mar e partimos, nunca havíamos remado juntos, mal se conhecíamos, porém, a harmonia do encaixe dos remos na água foi perfeita, passamos pela Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, erguida em 1584, e seguimos pelo canal em direção ao porto.

Com o desejo de conhecer o mundo colorido exterior, discordávamos da opinião de que alguém, sem jamais se distanciar de seu ambiente urbano, pode formar opinião a respeito da superfície da Terra e dos Mares. Durante o caminho uma lancha passou próxima a canoa, formando ondas que vieram de través, com a maré seca a energia e altura das ondas veio maior do que o padrão, em pura sincronia todos levaram seus remos para o lado esquerdo da canoa, onde fica a ama.

As ondas bateram na lateral da canoa, entrando um pouco de água dentro, porém, ali, cerca de dez minutos após o início da remada, percebemos que a equipe estava em harmonia.

O Pedro no banco de vogah ditava um ritmo elegante, perfeito para a longa distância que iríamos percorrer, e assim fomos adentrando no canal do porto, passando pelos navios que se encontravam atracados. Uma draga passou no canal, e em seguida atravessamos para a outra borda.

Nosso leme, o Klaus de 59 anos, um waterman veterano, nadador desde infância, jogador de polo aquático e remador com vasta experiência. Todos estavam seguros com ele nessa função, e o respeito a experiência prevaleceu. Passamos bem próximos de um navio atracado na margem da Ilha de Santo Amaro, e fiz o registro fotográfico, a canoa tão pequena em comparação com o navio nos proporcionou uma sensação única.

Percorremos os dez quilômetros até o Forte de Itapema, nessa primeira parada, nosso banco quatro, Søren, profundo estudioso e conhecedor da história local, nos deu uma aula sobre o forte, Itapema significa pedra do gavião em Tupi.

Passando pela Base Aérea de Santos, adentramos o canal de Bertioga, o céu já estava mais nublado, mas o calor continuava forte, a maré a favor nos ajudava, nós seis éramos um organismo, erámos a Janaína. O Pini no banco três gritava hip, e nós trocávamos o lado do remo, a canoa fluía elegante sobre as águas do canal.

Um adendo, nos cento e vinte e cinco quilômetros que percorremos o Pini não errou um Hip. Uma chuva começou a cair, mas infelizmente passou rápido, o calor prevaleceu, fizemos uma parada numa pequena praia onde, de acordo ao Burton, era a caieira do santista excêntrico Maneco do Munguatá no Largo do Candinho.

Nos hidratamos com água e Coca-Cola, além de ingerir uns doces bananinha, o que nos proporcionou energia para o próximo trecho. Aguardávamos a mudança da maré, neste ponto do canal, há uma mudança no sentido da maré, até ali a mare enchendo nos favorecia, deste trecho até Bertioga, a maré vazante era o procurado, então sem pressa, conversamos e apreciamos a beleza local, até continuar viagem.

Durante todo o trajeto do canal Søren nos ensinava sobre a cultura e história local e trechos dos livros do Han Staden e do Richard Burton, nos situando em cada local. Víamos uma paisagem manguezal tropical, sob um céu brumoso, pesado, uma floresta úmida, exuberante, monstruosa, selva primordial, coberta por uma vegetação farta e bem uniforme, a não ser pela arvores que nasciam na água, suas raízes estendiam-se através do ar mergulhando nas águas.

Chegamos em Bertioga sem contratempo, e encostamos na margem da Ilha de Santo Amaro, na Armação da Baleia, onde há uma pequena vila de pescadores, e ao lado se encontra as ruínas da Ermita de Santo Antônio do Guaibê, Guaibê sendo o nome Tupi da Ilha de Santo Amaro, construída em 1560, umas das primeiras capelas construída em território nacional.

Com o objetivo de catequizar os índios foi frequentada pelo jesuíta padre José e Anchieta, onde ali teria escrito seu poema “Milagre dos Anjos”. As ruínas revestidas por uma vegetação rasa, ergue-se silenciosa e solitária, ao fundo jaz um altar de pedra, numa demonstração de respeito Søren teve a ideia de colocarmos nossos remos ali, enquanto isso contemplávamo-la, permitindo que nossos espíritos se entregassem aquele misticismo.

Conversando imaginávamos como deveria ser a cobertura e os revestimentos, alguém sugeriu, e acredito que sim, os revestimentos das paredes, na época, deveriam ostentar ouro. Alguns pernilongos nos arrancaram dos nossos devaneios e assim voltamos em direção à praia.

Com cuidado, pois havia algumas pedras no raso, colocamos a Janaína de volta na água e fomos em direção ao Forte de São Luiz, também chamado de Fortaleza São Felipe, que fica no encontro do canal com o mar.

Vislumbramos, em cima das águas, as muralhas que protegiam o forte, porém, a vegetação já dominou completamente o local, e não é possível pelo mar, enxergar além. Dessa forma, atravessamos o canal em direção a Bertioga, e finalizamos a remada do primeiro dia.

Por volta das dezesseis horas da tarde, aportamos na extremidade do canal. Carlão, que durante a viagem foi apelido de Deputado Federal, por conta de sua extrema simpatia e conversa fácil e agradável, ansiava por encontrar seus amigos.

A comunidade dos remadores sempre o acolheu bem, e ele tinha certeza de que tal aconteceria. O senhor Cesar com cerca de setenta anos de idade, de corpo atlético, remador experiente e local da cidade, nos recepcionou na praia, alguns metros do Forte São João, e nos indicou um local no parque Tupiniquins, também logo ao lado do forte, onde colocamos a Janaína em repouso.

Em seguida o senhor Cesar, provando sua jovialidade, chegou com um bug amarelo onde guardamos os remos e os mantimentos que carregávamos na canoa, e fomos em direção ao apartamento, situado logo ao lado da guardaria local, em frente ao passeio do canal, que o próprio cedeu para nós dormimos.

Todos tomaram um banho rápido e fomos nos alimentar. Chegamos ao restaurante local, que na verdade era o quintal de uma casa, logo na primeira quadra da praia, o restaurante era do Fernando, um amigo do Carlinhos, e fomos recepcionados com um grande sorriso por parte do dono. A comida não demorou a chegar, e era tão boa quanto abundante.

Nos deliciamos nas pescadas cobertas com molho de camarão, nos pedaços de cação que derretiam na boca, havia pirão, batata frita, salada, farofa caiçara. Por fim, um cafezinho para a digestão. Retornamos ao apartamento, sem antes, parar para tomar uma cerveja no bar que ficava logo abaixo.

Subimos para o apartamento e para nosso descanso. Depois de uma noite com chuva e ventos fortes. A cidade de Bertioga estava abafada como se fosse meio-dia. Pegamos todos os mantimentos e caminhamos em direção a canoa, perto do canal de Bertioga, onde havíamos conduzido a canoa no dia anterior, ficamos durante algum tempo a contemplar o céu nublado, o vento penteava a água, produzindo leve saliências que são chamadas de carneirinhos.

Ao fundo, uma canoa vinha no mar, nela encontrava-se o Sr. Cesar e a equipe Ohana, com a chave para abrir o portão, onde ainda dormindo, encontrava-se a Janaína. O desejo de navegar, nos acossava com a força de um acesso a imaginação, ainda não sossegada depois de uma noite de pouco sono, criava um afã de visualizar as praias e os mares da costa.

Nos despedimos da equipe de locais, e partimos numa reta em direção a ponta do Indaiá. Já longe da costa a Janaína navegava aprofundada no silencio. As experiências de um indivíduo solitário e calado, são mais intensas do que de uma pessoa falante, as imagens na solidão são mais graves e originais, são livres de distrações, e assim que nós estávamos absorvidos pelo estado contemplativo, entregue aos prazeres dos sentidos.

Já em pleno oceano Atlântico, esse imenso corpo de água salgada, à cerca de mais de duas milhas da terra firme, um vento oeste entrou forte, atingindo a canoa de lado, e obrigando nosso leme experiente, Klaus, a corrigir o rumo constantemente, diminuindo assim a velocidade da canoa. O silêncio continuou, até o barulho dos remos encostando na água foi ofuscado pelo som do vento. O céu cinzento escureceu o mar. O vento diminuía e voltava com rajadas as vezes mais fortes, percorremos cerca de dez quilômetros, dessa forma, conforme nos aproximamos do Canto do Indaiá, o vento diminuiu, até que ali, protegido pelas montanhas costeiras, deu uma trégua.

Depois de uns bons minutos, deixamos a praia e retomamos a expedição, passando pelo canto do Indaiá, protegido por montanhas verdes, a água misturava a cor do céu com a do morro, num azul esverdeado, passamos bem próximos a um barco de pesca ancorado, e algumas aves de bicos longos, preguiçosas descansavam no topo dele.

Viramos a costa, e como que empurrada por alguma divindade a Janaína cortava as águas marítimas. Perto da Ilha Monte Pascoal, diversas aves se reuniam numa pedra, como se estivessem a conversar e admirar o dia. Remamos afastado da praia da Riviera, até chegar no canto da Praia de Itaguaré, significa pedra das garças, onde surfamos uma onda que vinha mais esbelta.

Assim como em todas as paradas durante toda a expedição, sempre que atracávamos a Janaína na praia, todos se cumprimentavam felizes e satisfeitos com o desempenho da equipe, e em todas as saídas desejávamos boa sorte e boa remada.

Como acontecia em quase todas as paradas Carlinhos conversava com algumas pessoas na praia, que curiosas, vinham perguntar da onde nós vínhamos. Entramos no mar, afinal, as nuvens já haviam fugido, para dar espaço para um imponente sol, que exigia um banho de mar refrescante.

Não nos prolongamos por muito tempo e a Janaína voltou ao mar. Entrando pela corrente de retorno, passamos pelos surfistas que a esquerda, sentados em suas pranchas, pararam de imaginar as ondulações que vinham no oceano para a admirar a beleza da canoa que flutuava em velocidade pelo mar.

O sol cada vez mais forte nos desgastava, do canto esquerdo de Itaguaré íamos em direção ao canto direito de Boracéia, chamado de Bora-Bora, o trajeto de quase vinte quilômetros prolongava-se cada vez mais quando os raios de sol nos atingiam. Fizemos uma parada no meio do mar afim de nos hidratar e repor as energias com doce de banana, e em seguida continuamos.

Pedro, sentado na proa, ditava um ritmo perfeito, expedicionário, e de vez em vez, nos animava gritando lá da frente: “alonga a remada”. Pini, no banco 3, gritava hip, e trocávamos os remos. Klaus veterano no leme, aprumava a canoa na direção desejada, sempre que as vagas que vinham da direção leste que nos tiravam do prumo.

Remando com constância chegamos em Bora-Bora, próximo do destino final do segundo dia. Era o início de uma tarde de sábado, por volta das quinze horas, a praia estava cheia, mas precisávamos descansar após essa longa pernada. O sol forte da praia nos castigava, após um tempo, realizamos o ritual de praxe, e saímos rumo a Barra do Una, o destino final do segundo dia.

Passamos pela Prainha Brava, contornando a costa, por dentro da Ilha do Maracujá, até finalmente chegar a entrada do rio Una. Ali a praia faz uma curva, com uma margem para o mar e outra para o rio.

Algumas lanchas adentravam o rio em velocidade baixa, e fomos atras. Viramos a esquina, e Søren nos indicou onde era a guardaria onde a Janaína repousaria. Paramos em frente a rampa, do outro lado da praia onde turistas se banhavam no rio de águas salobras.

Muito bem recebidos pelo Ju, remador local do litoral norte de São Paulo, que nos congratulou pelo trecho percorrido e nos ajudou no desmonte da canoa. Almoçamos no restaurante logo ao lado guardaria, onde o rio fazia uma curva, e assim conseguíamos ver os barcos entrando pelo rio em direção as marinas.

Enquanto almoçamos, Ju, o local, nos contava os passeios que realizava na região. Novamente nos deliciamos com peixe, camarão, arroz e batata frita. Cansados, fomos para a Praia do Engenho, situada logo ao lado, para o conforto da casa que nosso capitão Søren, nos proporcionou.

Conversamos por um tempo no quintal do fundo, trocando experiência de remadas e usufruindo de uma cerveja gelada, que só nos relaxou para um boa noite de sono dormida. O domingo ensolarado com algumas nuvens no céu prometia chuva, com a maré bem seca, empurramos a Janaína até o rio e partimos em direção as Ilhas, em frente à Praia Preta de Juquehy.

Uma chuva começou a cair, mas o sol, exibido, continuava no céu, procuramos sem sucesso por um arco-íris, a chuva passageira passou, e o sol, como uma divindade, tomou conta do dia.

Atracamos com a canoa na ilha, enquanto alguns barcos chegavam com turistas. Aproveitamos a água completamente cristalina e sem muitas delongas, retomamos a expedição. Remávamos em direção a Ilha dos Gatos e quando chegamos perto avistamos uma pequena praia com poucos metros de comprimento com uma casa de pescador construída com madeira.

Com muitas pedras no raso, estudamos o melhor ponto, e atracamos a canoa. Com vista para as praias continentais, apreciávamos a comida e as bebidas. O cachorro do pescador, morador da Ilha, veio nos saudar, e retribuímos dando-lhe um pouco de carinho.

Analisamos novamente como seria a saída antes de seguir viagem. Em frente à Praia Brava, entre Boiçucanga e Maresias, meu trapézio começou a gritar, parecia que alguém dava umas facadas de cima para baixo na região entre o ombro e o pescoço, pedi para parar um pouco.

Precisava dar uma esticada. Søren como sempre nos animou com uma história, nesse momento, nos relatou sobre a expedição Kon-Tiki, quando o explorador norueguês Thor Heyerdahl partiu com uma balsa improvisada do Peru para a Polinésia, com o intuito de demonstrar que a colonização polinésia poderia ter sido feita por navegadores da América do Sul.

O sol queimava nossas costas, cada remada era mais difícil que a anterior, já havíamos remado cerca de cem quilômetros nos últimos dois dias, a dor no trapézio voltou. Uma ondulação mais forte de leste começou a atingir a Janaína.

O trecho era longo e cansativo, ansiávamos por uma parada, mas ao mesmo tempo não queríamos nos estender no tempo, dessa forma, decidimos continuar sem parada até a Praia de Calhetas.  A Praia de Calhetas é linda, de um lado é praia, e do outro também, na frente, um pequeno morro, que acredito que numa maré bem alta, vira uma Ilha.

Cheio de palmeiras levemente espaçadas, suspeito que a vegetação nativa foi substituída. Descansamos na praia, tomamos um banho de mar, e fomos de encontro ao último trecho. Saindo do oceano e entrando para o canal de Ilha Bela, a ondulação batia no penhasco de pedra e voltava, o mar turbulento a navegação era lenta.

Uma nuvem preta nos perseguia, o que nos alertava para um tempo feio. Fizemos uma parada rápida para hidratar já dentro do canal, quase em frente a outra praia também chamada de Praia Brava. As energias já estavam escassas, mas era o trecho final. Enquanto isso, Itaquice nos esperava em São Sebastião para nos dar o suporte.

O trovão de um raio soou a distância, uma profunda nota longa, grave e arrepiante que ecoou no canal. Mesmo visto de longe, a luz era resplandecente. No céu, o que antes era uma nuvem, se transformou em uma massa de nuvens, totalmente preta.

Não havia tempo para pensar no assunto, alguém gritou, vamos, faltava algumas centenas de metros, não sei de onde, mas angariamos energia, alongamos a remada e aceleramos o ritmo.

Hip! Ho!

Chegamos!

Texto: Caio Mariani

“Salve Iemanjá!

Mãe do mundo, força que sustenta a criação, dona de todos os bens, alimento para a própria vida.

Magnânima, mãe de todas as mães, o mar é seu símbolo, salgue sua marca.

Reze por todos, porque todos seguem seu caminho nas águas.

Odoiá, Iemanjá”.

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