Cartilha de segurança na prática da Va’a – dicas para novos praticantes – Equipamentos individuais que aumentam a segurança na prática de VA’A.
Se você vir uma pessoa andando de carro sem cinto de segurança ou alguém pilotando uma moto sem capacete, você irá se impressionar com a cena? Creio que a maioria das pessoas já se conscientizou que existem riscos que não valem a pena correr.
Uma pessoa que pratica voleibol de quadra não precisa se preocupar se irá chover ou fazer sol, se um dia a quadra estará lisa e no outro áspera, se a rede estará baixa de manhã e alta à tarde, diferentemente dos praticantes de atividades físicas e/ou esportes na natureza, como é a canoa polinésia, os quais estão sempre sujeitos às interferências do ambiente e, por isso, precisam levar em conta uma série de eventualidades que podem enfrentar.
Caso o novo praticante ainda não disponha de seus equipamentos próprios, deve checar se o clube ou base de remo dispõem destes acessórios e é importante notar o estado de conservação em que eles se encontram. Não basta ter materiais disponíveis para o uso, a manutenção é importante para preservar a qualidade e a eficiência.
Neste sentido, não basta garantir uma boa técnica de remada ou simplesmente ter uma canoa, é preciso atentar-se para os equipamentos que aumentam a segurança do praticante e preservam a integridade dos remadores e da canoa. Vamos então listar o que os praticantes precisam saber sobre equipamentos:
EQUIPAMENTOS DE USO PESSOAL
- Coletes flutuadores: o número 1 em nossa lista! Todo remador deve usar um colete flutuador (vestir e não levar em baixo do assento) e não apenas o novo praticante, mas todas as pessoas dentro de uma canoa. Voltando ao exemplo do carro e da moto, usar colete não demonstra inexperiência, assim como usar cinto de segurança e o capacete não quer dizer que o motorista não sabe dirigir. O colete flutuador é imprescindível na prática de VA’A em diversas situações, por exemplo:
a) em caso de huli (quando a canoa emborca) para que cada remador possa desempenhar sua função, sem preocupar-se em se esforçar fisicamente para se manter flutuando e também para amenizar o impacto contra troncos, galhos ou pedras comum em rios e lagoas;
b) se a canoa ficar inviabilizada de navegar e estiver distante da praia, de margens ou de locais para se apoiar, o colete flutuador permite que o remador mantenha-se na superfície da água e não precisa gastar tanta energia para manter-se boiando;
c) se o remador escorregar dentro da canoa ele pode bater as costas no assento de trás ou no cockpit (isso pode ocorrer quando uma onda grande bate na proa e o remador não flexiona o tronco para frente, como deve fazer neste caso);
d) quando o acesso da canoa para a água é realizado em superfície escorregadia, como rampas de cimento, o remador pode deslizar e cair e, neste caso, o tronco estará protegido.
Mas, posso usar qualquer colete flutuador na Va’a? Não! Você deve saber que há diferentes tipos de coletes flutuadores (ou auxiliares de flutuação) e que para cada tipo de prática e ambiente há um modelo adequado. Além de diferentes classes de coletes, existem diferentes marcas, materiais, modelos. Para a canoa polinésia, deve ser usado o colete esportivo classe V especial, segundo a Normam-05 (Normas da Autoridade Marítima para Homologação de Material) da Marinha do Brasil. Ao final desta matéria, confira algumas macas disponíveis no Brasil.
- Leash: ou ‘cordinha’ é indispensável para as canoas individuais OC1 e V1, pois, elas podem emborcar com muita facilidade e as ondas, a corrente e o vento (e às vezes todos eles ao mesmo tempo) podem afastar o remador de sua embarcação, por isso, este equipamento serve para conectar a canoa ao remador. O uso do leash na canoa também desempenha a função de proteger quem está ao redor, assim como no surfe, se a Va’a for levada por uma onda, ela pode se chocar contra banhistas ou outras pessoas que estiverem por perto.
- Remo extra: considerando que o remo é um equipamento fundamental e que sem ele não é possível praticar a atividade e levando em conta que os imprevistos devem ser ‘calculados’, ou seja, os riscos devem ser conhecidos para que possam ser ‘controlados’, por exemplo, deve-se prever que o remo pode quebrar ou pode soltar-se das mãos do praticante e ser levado para longe pelas ondas ou corrente. Assim, ter um segundo remo atado à canoa é uma prática que aumenta a segurança do remador.
Os três equipamentos listados neste artigo são considerados indispensáveis para qualquer praticante. São itens primordiais porque, além de serem essenciais para a prática de Va’a, também aumentam a segurança do remador e salvaguardam o bem mais precioso: a vida.
O uso desses equipamentos não depende do nível de prática ou conhecimento da atividade e, por isso, nenhum remador deve se sentir constrangido por utilizá-los. Ao contrário, os mais experientes devem ser o exemplo para os novos praticantes e, levando em conta que a canoa polinésia é uma atividade que está crescendo muito rapidamente no Brasil, aqueles que estão há mais tempo nesta área devem orientar os que estão chegando para que, desde o início acostumem-se a conhecer e calcular os riscos eminentes desta prática para que possam usar todas as ferramentas disponíveis para amenizar ou evitar os prejuízos decorrentes de acidentes.
Já que esta série de dicas deve auxiliar os novos remadores iniciantes na Va’a, vale ressaltar que há alguns itens muito importantes para a prática de atividades ao ar livre com exposição prolongada ao sol e por isso, devem fazer parte de uma rotina de preparação para a remada:
- Hidratação: indispensável em qualquer prática física, procure ter à mão uma garrafa ou bolsa com água ou isotônico. No mar, a água salgada e o sol aceleram a perda corporal de líquidos e, para evitar a desidratação, o praticante deve se prevenir, ingerindo líquidos durante a prática.
- Proteção para a pele: o ímpeto de remar às vezes é tão maior que do que a preocupação com o corpo que às vezes passa despercebido quão importante é prevenir-se do excesso de exposição da pele sob o sol, evitando queimaduras, insolação e desidratação, por isso:
a) faça uso de protetor solar corporal e facial protegendo-se de desconfortos causados na pele por causa da queimadura do sol e também evitando maiores danos provocados pela exposição ao sol prolongada e frequente;
b) por conta do calor promovido pela prática física da remada, roupas leves e de materiais apropriados para os esportes a remo, de preferência com proteção UV devem ser preferidos pelos remadores. Além disso, calça e blusa de manga cumprida podem ser considerados especialmente em remadas mais longas e/ou durante o período em que o sol está mais forte (no meio do dia);
- boné, chapéu e/ou viseira também são acessórios que protegem a cabeça e o rosto, áreas de grande exposição e que podem sofrer muito com excesso do sol;
- os óculos de sol evitam o contato da água salgada com os olhos (se estiver remando no mar) que pode respingar durante a remada e seu excesso pode incomodar e até queimar a retina, quando ocorre por tempo prolongado.
Programe-se antecipadamente para a prática da atividade, porque assim, você tem tempo de lembrar de todos os detalhes importantes para a sua segurança e conforto. Criando rotinas incluindo cada uma dessas dicas, você acabará se acostumando com o que deve ser preparado até que vire rotina pegar seu colete, preparar a hidratação, checar o remo extra, passar o protetor solar, etc.
Não perca a próxima série de dicas, em que abordaremos os equipamentos indispensáveis da canoa que aumentam a segurança e evitam acidentes. Para terminar, vale até um jargão conhecido e muito verdadeiro: excesso de confiança, falta de segurança!
Confira a primeira matéria da série, clique aqui!!
Por: Nany Lima
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