Quarta-feira, Novembro 27, 2024

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Canoa Havaiana (va’a): beneficios, cultura, regras e muito mais.

Séculos atrás, a canoa outrigger pousou nas margens das ilhas havaianas. Liderados por exploradores polinésios navegando pelas estrelas e pássaros migratórios, os navios à vela foram preenchidos com o essencial para sobreviver à longa viagem e estabelecer a vida em um novo território , incluindo plantas, comida, água e, não menos importante, esperança.

Da mesma forma que o hula não é apenas uma dança, as canoas não são apenas barcos – elas fazem parte da cultura havaiana, imbuídas das lutas e triunfos de seu povo desde os primeiros dias.

Devido às condições desafiadoras de terra e mar, a canoa em si desempenhou um papel fundamental no florescimento da vida havaiana. Quando o terreno acidentado impossibilitava a travessia a pé, as canoas transportavam pessoas e materiais de um lado a outro da ilha, bem como entre as ilhas. Algumas canoas eram feitas com velas para passar por canais complicados, enquanto outras se moviam pela força do remo unificado por distâncias mais curtas. Canoas menores de dois a quatro homens foram construídas para a pesca e, durante a guerra, as canoas também eram usadas para batalhas, carregando armas e utilizadas para desembarques surpresa em território rival. (Não é de admirar, então, que o escultor de canoas fosse altamente reverenciado na antiga sociedade havaiana.)

canoa havaiana
canoa havaiana

O design da canoa evoluiu com o tempo, experimentação, materiais e necessidades – com a descoberta da madeira koa na ilha do Havaí, cascos inteiros foram construídos com um único tronco de árvore. A construção das canoas envolveu a força de muitas pessoas, junto com os kahuna para direcionar o processo e oferecer orações a cada etapa. Com profundo respeito pelo mundo natural, animais como porcos e pássaros foram incluídos nas cerimônias de bênção de canoas recém-construídas.

Hoje, a cultura havaiana perdura com o uso de canoas outrigger para pesca, viagens e recreação. Os clubes de canoa operam não apenas para treinar atletas para a competição, mas como oportunidades de transmitir as tradições locais. Nesses clubes, muitos membros começam como keiki (criança), aprendendo a língua havaiana, mele (música) e oli (canto) e embarcando em excursões culturais. Fazer parte de um clube de canoagem é fazer parte de uma ‘ohana (família) – regatas semanais reúnem centenas de pessoas na praia para torcer por seus clubes e lhes dá a oportunidade de práticas culturais.


Fairmont Kea Lani oferece uma oportunidade de você mergulhar nesta cultura milenar:

No entanto, você não precisa fazer parte de um clube de canoagem para ter uma amostra autêntica de como é estar na água: o Fairmont Kea Lani oferece uma experiência de canoa havaiana projetada para mergulhar os visitantes no rico significado cultural e na tradição do outrigger canoas. Os guias primeiro oferecem uma pequena lição de história e o que esperar na água, e depois de aprender os comandos básicos em havaiano, como imua (avançar) e lawa (parar), cada pessoa recebe um assento na canoa. Na preparação, o guia cantará um canto para pedir permissão aos ancestrais para entrar na água.

canoa havaiana
canoa havaiana

O guia Solomon Pali descreve a mentalidade havaiana antes de entrar no oceano: “Quando entramos nesses mundos, abrimos nossos olhos e ouvidos para recebê-lo. O que quer que você receba, é uma bênção e seja grato por isso. ”

Uma vez na água, os remadores remam em uníssono da praia e do recife. Os hóspedes podem ser recebidos por curiosos honu (tartarugas) que adoram nadar até a canoa e, se a estação for boa, eles podem ver as baleias saindo da água. Os hóspedes também podem pular da canoa para explorar o recife mais de perto com uma máscara, ou permanecer na canoa enquanto o guia conta histórias sobre a ilha e todas as criaturas que vivem no oceano. O guia pode até oferecer um ouriço-do-mar, colocando-o com segurança na palma da sua mão para sentir a sensação de seu movimento.

No Havaí, existem inúmeras maneiras de se divertir no oceano, desde mergulho com snorkel e surfe até stand-up paddle boarding e caiaque – mas uma jornada em uma canoa vai além da recreação. É uma prática havaiana que aprofunda sua conexão com a natureza e os ancestrais a cada pincelada. Pali expressa isso melhor quando diz: “Para nós, a canoa é uma entidade vital. Ela está viva. Ela é parte de nós em nosso espírito e em nosso corpo. Se não fosse pelas canoas à vela, não teríamos havaianos hoje. ”

O espaço para a Experiência Hawaiian Canoe é limitado, portanto, inscreva-se antes de sua chegada para garantir seu lugar. Durante as épocas mais calmas do ano, pode haver espaço para reservar com o concierge ou diretamente na praia, no estande de atividades

Um pouco de mitologia: deuses e deusas das canoas

canoa havaiana
canoa havaiana

Segundo a mitologia havaiana, Pulupulu é o deus patrono dos construtores de canoas. Filho de Kane (também conhecido como Eli ou Eli-Eli e considerado o pai de todos os seres vivos). Por Kane ser o deus das florestas e das árvores, portanto, responsável pelo elemento principal na construção de canoas – a madeira – existia uma rivalidade entre ele e seu irmão Kanaloa, o deus do mar, provocada quando as embarcações advindas do domínio de Kane adentravam em seu território. Por isso, seria melhor que outra criatura cuja relação com Kanaloa fosse neutra se tornasse o protetor dos construtores de canoas, tendo sido nomeado para isso Pulupulu. Ele ainda foi considerado o inventor da ferramenta usada para entalhar as canoas a partir de troncos de árvores.

kanaloa

Segundo conta a história, Pulupulu não tem um destino fácil. Pele, deusa dos vulcões, e sua irmã Hi’iaka apaixonam-se pelo mesmo homem, um príncipe mortal chamado Lohi’au. Então, Pulupulu fica ao lado de Hi’iaka nesta disputa e, imbuída de ódio, Pele o expulsa das ilhas do Hawai.

Há também outras deidades que acompanhavam os remadores: Ki’i kane e Ki’i wahine (ki’i = imagem; kane = masculino; wahine = feminino). Nas canoas polinésias, o lado esquerdo (que pode ser a ama/flutuador ou um segundo casco formando um catamarã) é considerado o lado feminino da embarcação, enquanto o casco direito representa o lado masculino. Por este motivo, Ki’i wahine fica amarrada a bombordo e ki’i kane a boreste.

Estas imagens eram usadas como forma de proteção para a embarcação e seus remadores e juntas representam a personificação do espírito havaiano que cuida das canoas. A Ki’i wahine possui olhos arregalados que simbolizam o dom da visão e da previsão, enquanto ki’i kane equivale à sabedoria. Antes de sair para navegar com as wa’as, as estatuetas eram enfeitadas com colares de maile, uma planta nativa havaiana considerada sagrada pelos antigos polinésios.

deuses

Que lição podemos aprender com a mitologia havaiana?

O povo havaiano possui um profundo respeito pela natureza e pela sabedoria de seus ancestrais. Assim, a habilidade da visão e da previsão de ki’i wahine podem ser traduzidas como a necessidade de saber como a natureza se comportará antes de colocar a canoa na água. Para isso, usamos desde a leitura dos sinais naturais, conversamos com os pescadores e até usamos aplicativos que sinalizam as condições de tempo, clima, maré, ondas, etc.

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canoa havaiana

E a sabedoria, antes simbolizada por ki’i kane, pode representar nossa própria capacidade de analisar as situações antes de uma remada e de tomar decisões assertivas em busca de uma prática segura e bem sucedida.

Cultura do Va’a

Os clubes de canoas havaianas crescem pelo Brasil, com um perfil amador no início e aos poucos se profissionalizando. Com um investimento mínimo de 20 mil reais para investir em uma canoa, remos e coletes as canoas viraram pequenas empresas numa época que emprego ficou difícil devido a pandemia e condições do país. Virou uma febre comprar canoa e levar novos adeptos ao mar para se exercitar, passear, treinar e gastar o stress adquirido com meses de confinamento e distanciamento Social.

Depois que atividade física virou essencial e as pessoas criaram a consciência que se exercitar em espaços abertos é mais seguro do que dentro de uma academia, cada vez é mais crescente o número de novos adeptos ao remo.

Canoa Havaiana vem a cada dia ganhando mais espaço em águas brasileiras

Com um país extenso de praias, lagos e Rios a tendência é cada ano novos clubes surgirem e novas legislações e imposto, pois as prefeituras começam a enxergar o negócio “rentável” que pode ser um clube de canoas, porém em contrapartida ela deve oferecer condições aos clubes como guardarias, água para banho, incentivo à novos fabricantes de Canoas e remos e manter o esporte seguro com o apoio da Marinha e Guardas nas praias, já que é na madrugada que os remadores chegam em suas bases para treinar, horário que é perigoso pois é o fim da noite e o policiamento se encontra em horário de troca.

Empresas precisam enxergam uma canoa como um outdoor que se movimenta pelas praias e entram com propagandas para fortalecerem as bases principalmente no inverno quando o frio e as chuvas chegam nas praias junto com ondas e ventos fazendo cair a receita de empresários que se esforçam para levar o esporte e a diversão a todos.

Frank Faro vem explorando a cada ano todas as possibilidades do vasto Litoral da Bahia com suas águas claras e rios abundantes

Vários valores de remadas e pacotes são oferecidos diferenciados por serviços, métodos e perfis diversos, se igualando à mensalidade de uma academia, sendo que o risco de infecção menor, porém o risco de acidentes no mar maior, sendo importante uma legislação mais segura para que o esporte não venha a ter maiores problemas num futuro próximo. Coletes dentro da canoa deveria ser obrigatório, assim como um curso para o lemeador e responsável pelo grupo, no mínimo um arrais amador, para que tenha uma maior noção da legislação marítima mesmo sendo as canoas sejam embarcações sem motor ou vela e atue em área costeira.

Vejo algumas cidades já se organizando e apoiando clubes, e com isso irá trazer um melhor olhar dos empresários e novos remadores a aproveitarem essa maravilha de esporte e lazer trazendo mais saúde e alegria para a população que mora perto das águas brasileiras.

Anatomia de uma canoa Havaiana

Esta é a primeira de uma série de matérias técnicas, cuja finalidade é ampliar o conhecimento sobre as canoas Havaianas e Tahitianas para um melhor entendimento das suas qualidades, aumento de perfomance para aqueles que competem e porque não, limitações.

Estamos lidando com embarcações que possuem uma história milenar, que permitiu que povos saíssem do sul da Ásia e colonizassem dezenas de centenas de ilhas tanto no Pacifico norte como no sul. A sua aparência frágil e alta velocidade quando navegando a vela, impressionaram os primeiros navegantes europeus no início do século XVI, na épica viagem de circum-navegação feita por Fernão de Magalhaes.

Na atualidade, a canoagem polinésia, nome genérico como são conhecidas as canoas modernas, estão divididas em duas grandes famílias: canoas Havaianas e Tahitianas. A primeira, possuindo estreitos laços com a cultura do arquipélago do Havaí, enquanto que a segunda, melhor adaptada aos mares do sul, se desenvolveu de uma maneira diferente.

As canoas Havaianas são conhecidas internacionalmente como outriggers e sua característica principal é serem abertas, sem convés na região do cockpit, onde ficam os remadores. Possui 4 modelos, classificados quanto ao número de remadores. Assim temos as canoas OC1, OC2, OC4 e OC6 para respectivamente 1, 2, 4 e 6 remadores.

Já as Tahitianas, também conhecidas como Va’a, possuem convés fechado ao longo de todo o comprimento da canoa e são classificadas em 5 categorias: V1, V1R, V2, V3 e V6. A categoria V1R é uma canoa V1 equipada com um leme controlado pelos pés do remador. A letra R vem de Rudder, leme em inglês.

De todas as canoas mencionadas, apenas a OC6 possui regras rígidas. Ela precisa possuir uma forma submersa de proa e popa dentro de certas medidas bem como ter um peso leve (apenas o peso da canoa, sem ama e iakos) mínimo de 150 kg.

Como trata-se de uma embarcação com muita história, vamos usar a canoa do tipo OC6 como ilustração. As ilhas do oceano pacifico estão espalhas por uma região enorme, sendo que algumas ilhas são muito isoladas. Isso fez que existisse diversos dialetos, e, portanto, a nomenclatura de algumas partes das canoas varia de ilha para ilha. Mostramos aqui o resultado de uma pesquisa de termos tradicionais, mais aceitos na atualidade. Além da descrição de cada um deles, colocamos a tradução em inglês, por ser o idioma técnico universal.

Para podermos referenciar certas partes da canoa, como por exemplo, a parte do Iako designada como Muku, é necessário conhecer 4 termos básicos de toda embarcação.

Posicionando-se na popa (traseira da embarcação), e olhando para a frente, temos a popa e a proa (frente do barco). O seu braço da direita indica o lado de boreste e o da esquerda de bombordo. Colocamos uma rosa dos ventos para facilitar. Se a direção proa estiver orientada para o norte, o leste ficará a nossa direita e aí fica mais fácil lembrar que boreste é do lado leste.

Uma curiosidade: a palavra estibordo é o mesmo que boreste, porem é usada só em Portugal. No Brasil usamos apenas a palavra boreste.

Funções de cada remador na Canoa Havaiana

Continuando nossa série de matérias sobre histórias e curiosidades sobre a canoa havaiana, hoje vamos falar sobre os bancos e suas funções.

Os assentos e os papeis de cada remador, têm nomes diferentes de acordo com sua posição em relação à canoa. Os nomes a seguir são utilizados no Hawaii e podem variar em outras regiões.

Em alguns casos a canoa pode ter um assento para o sétimo remador, como mostra a foto acima


Assento 1:
 Noho`Ekahi (noh-ho eh-kah-hee) Também chamado Mua (moo-uh) que significa frente ou para frente. Também chamado de Ka`i (Kah-ee) – o líder da procissão e Hana Pa´a, que literalmente significa, trabalho constante e uniforme. Este não é um banco de potência. Dita o compasso do ritmo. Pode saber instintivamente como está o ritmo. Também auxilia o leme desde a proa, especialmente durante bruscas mudanças de direção. Deve estar sempre alerta com o que está à frente; nadadores, pedras, etc. Dependendo do time, Mua também chama as trocas. Pode muitas vezes anunciar mudanças no ritmo, mais rápido ou lento.

Assento 2: Noho`Elua ( noho eh-loo-uh) Significa segundo. Orienta por coaching o ritmo do 1. Tem muita responsabilidade por manter a sincronia com o 1 e não comprometer todo o barco. Auxilia nas curvas quando necessário. Quando a canoa está parada, mantém a mão esquerda no Iako para evitar huli.

Assento 3: Noho`Ekolu (noho eh-koh-loo) Algumas vezes chamado de Kahea ( Kah-hay-uh) que significa, anunciante ou o que chama. Em vários times, Ekohu chama as trocas. Parte do motor do barco com potência. Concentra-se em mover a canoa à frente.

Assento 4: Noho`Eha ( noho eh-hah) Significa quatro ou quarto. A outra parte do motor do barco. Também se concentra em mover a canoa à frente. Muitas vezes, opera o bailer (balde ou cuia) para retirar água em corridas de longa distância. Com a canoa parada, põe a mão esquerda no Iako traseiro para evitar huli.

Assento 5: Noho`Elima (no-ho eh-lee-mah) Também chamado de Pani (pah-nee) ou leme reserva ou leme assistente. Mantém olhos vigilantes na ama. Pode ter que sacrificar seu corpo pulando no Iako traseiro para evitar huli. Pode operar o bailer também. Ajuda o leme quando requisitado, usualmente em grandes ondas. Pode assumir o leme caso o leme esteja incapacitado de lemear ou em caso de homem ao mar.

A canoa havaiana é um dos esportes que mais crescem em todas regiões

Assento 6: Noho`Eono (no-ho eh-oh-no) Ho`okele ou leme. Muitas vezes chamado de Papaki`i (papa-kee-ee) que literalmente significa assento reto ou chato. Usa um diferente remo do resto da tripulação chamado, uli (oolee). O capitão do barco e tem a última palavra a bordo. Mantém a tripulação (Poe wa`a) energizada e focada no objetivo. Deve estar sempre atento a todas a condições que afetam a canoa como: Vento, ondas, outras canoas.

Cartilha de segurança na prática da Va’a

Equipamentos individuais que aumentam a segurança na prática de VA’A

Se você vir uma pessoa andando de carro sem cinto de segurança ou alguém pilotando uma moto sem capacete, você irá se impressionar com a cena? Creio que a maioria das pessoas já se conscientizou que existem riscos que não valem a pena correr.

Uma pessoa que pratica voleibol de quadra não precisa se preocupar se irá chover ou fazer sol, se um dia a quadra estará lisa e no outro áspera, se a rede estará baixa de manhã e alta à tarde, diferentemente dos praticantes de atividades físicas e/ou esportes na natureza, como é a canoa polinésia, os quais estão sempre sujeitos às interferências do ambiente e, por isso, precisam levar em conta uma série de eventualidades que podem enfrentar.

Caso o novo praticante ainda não disponha de seus equipamentos próprios, deve checar se o clube ou base de remo dispõem destes acessórios e é importante notar o estado de conservação em que eles se encontram. Não basta ter materiais disponíveis para o uso, a manutenção é importante para preservar a qualidade e a eficiência.

Neste sentido, não basta garantir uma boa técnica de remada ou simplesmente ter uma canoa, é preciso atentar-se para os equipamentos que aumentam a segurança do praticante e preservam a integridade dos remadores e da canoa.  Vamos então listar o que os praticantes precisam saber sobre equipamentos:

EQUIPAMENTOS DE USO PESSOAL

  • Coletes flutuadores: o número 1 em nossa lista! Todo remador deve usar um colete flutuador (vestir e não levar em baixo do assento) e não apenas o novo praticante, mas todas as pessoas dentro de uma canoa. Voltando ao exemplo do carro e da moto, usar colete não demonstra inexperiência, assim como usar cinto de segurança e o capacete não quer dizer que o motorista não sabe dirigir. O colete flutuador é imprescindível na prática de VA’A em diversas situações, por exemplo:

a) em caso de huli (quando a canoa emborca) para que cada remador possa desempenhar sua função, sem preocupar-se em se esforçar fisicamente para se manter flutuando e também para amenizar o impacto contra troncos, galhos ou pedras comum em rios e lagoas;

b) se a canoa ficar inviabilizada de navegar e estiver distante da praia, de margens ou de locais para se apoiar, o colete flutuador permite que o remador mantenha-se na superfície da água e não precisa gastar tanta energia para manter-se boiando;

c) se o remador escorregar dentro da canoa ele pode bater as costas no assento de trás ou no cockpit (isso pode ocorrer quando uma onda grande bate na proa e o remador não flexiona o tronco para frente, como deve fazer neste caso);

d) quando o acesso da canoa para a água é realizado em superfície escorregadia, como rampas de cimento, o remador pode deslizar e cair e, neste caso, o tronco estará protegido.

Mas, posso usar qualquer colete flutuador na Va’a? Não! Você deve saber que há diferentes tipos de coletes flutuadores (ou auxiliares de flutuação) e que para cada tipo de prática e ambiente há um modelo adequado. Além de diferentes classes de coletes, existem diferentes marcas, materiais, modelos. Para a canoa polinésia, deve ser usado o colete esportivo classe V especial, segundo a Normam-05 (Normas da Autoridade Marítima para Homologação de Material) da Marinha do Brasil. Ao final desta matéria, confira algumas macas disponíveis no Brasil.

  • Leash: ou ‘cordinha’ é indispensável para as canoas individuais OC1 e V1, pois, elas podem emborcar com muita facilidade e as ondas, a corrente e o vento (e às vezes todos eles ao mesmo tempo) podem afastar o remador de sua embarcação, por isso, este equipamento serve para conectar a canoa ao remador. O uso do leash na canoa também desempenha a função de proteger quem está ao redor, assim como no surfe, se a Va’a for levada por uma onda, ela pode se chocar contra banhistas ou outras pessoas que estiverem por perto.
  • Remo extra: considerando que o remo é um equipamento fundamental e que sem ele não é possível praticar a atividade e levando em conta que os imprevistos devem ser ‘calculados’, ou seja, os riscos devem ser conhecidos para que possam ser ‘controlados’, por exemplo, deve-se prever que o remo pode quebrar ou pode soltar-se das mãos do praticante e ser levado para longe pelas ondas ou corrente.  Assim, ter um segundo remo atado à canoa é uma prática que aumenta a segurança do remador.

Os três equipamentos listados neste artigo são considerados indispensáveis para qualquer praticante. São itens primordiais porque, além de serem essenciais para a prática de Va’a, também aumentam a segurança do remador e salvaguardam o bem mais precioso: a vida.

O uso desses equipamentos não depende do nível de prática ou conhecimento da atividade e, por isso, nenhum remador deve se sentir constrangido por utilizá-los. Ao contrário, os mais experientes devem ser o exemplo para os novos praticantes e, levando em conta que a canoa polinésia é uma atividade que está crescendo muito rapidamente no Brasil, aqueles que estão há mais tempo nesta área devem orientar os que estão chegando para que, desde o início acostumem-se a conhecer e calcular os riscos eminentes desta prática para que possam usar todas as ferramentas disponíveis para amenizar ou evitar os prejuízos decorrentes de acidentes.

Já que esta série de dicas deve auxiliar os novos remadores iniciantes na Va’a, vale ressaltar que há alguns itens muito importantes para a prática de atividades ao ar livre com exposição prolongada ao sol e por isso, devem fazer parte de uma rotina de preparação para a remada:

  • Hidratação: indispensável em qualquer prática física, procure ter à mão uma garrafa ou bolsa com água ou isotônico. No mar, a água salgada e o sol aceleram a perda corporal de líquidos e, para evitar a desidratação, o praticante deve se prevenir, ingerindo líquidos durante a prática.
  • Proteção para a pele: o ímpeto de remar às vezes é tão maior que do que a preocupação com o corpo que às vezes passa despercebido quão importante é prevenir-se do excesso de exposição da pele sob o sol, evitando queimaduras, insolação e desidratação, por isso:

a) faça uso de protetor solar corporal e facial protegendo-se de desconfortos causados na pele por causa da queimadura do sol e também evitando maiores danos provocados pela exposição ao sol prolongada e frequente;

b) por conta do calor promovido pela prática física da remada, roupas leves e de materiais apropriados para os esportes a remo, de preferência com proteção UV devem ser preferidos pelos remadores. Além disso, calça e blusa de manga cumprida podem ser considerados especialmente em remadas mais longas e/ou durante o período em que o sol está mais forte (no meio do dia);

  • boné, chapéu e/ou viseira também são acessórios que protegem a cabeça e o rosto, áreas de grande exposição e que podem sofrer muito com excesso do sol;
  • os óculos de sol evitam o contato da água salgada com os olhos (se estiver remando no mar) que pode respingar durante a remada e seu excesso pode incomodar e até queimar a retina, quando ocorre por tempo prolongado.

Programe-se antecipadamente para a prática da atividade, porque assim, você tem tempo de lembrar de todos os detalhes importantes para a sua segurança e conforto. Criando rotinas incluindo cada uma dessas dicas, você acabará se acostumando com o que deve ser preparado até que vire rotina pegar seu colete, preparar a hidratação, checar o remo extra, passar o protetor solar, etc.

Não perca a próxima série de dicas, em que abordaremos os equipamentos indispensáveis da canoa que aumentam a segurança e evitam acidentes. Para terminar, vale até um jargão conhecido e muito verdadeiro: excesso de confiança, falta de segurança!

Gerenciamento de riscos na prática da Canoa Havaiana

Já faz algum tempo que o ser humano sente necessidade de retomar uma vida mais próxima à natureza. Um afastamento entre o homem e o ambiente natural ocorreu ao longo de muitos séculos, devido à constituição da sociedade moderna em torno de grandes centros urbanos. Por isso, há algumas décadas, a reaproximação com a natureza vem crescendo significativamente e uma das maneiras escolhidas para isso foi praticar as atividades físicas e os esportes em locais naturais, como: cachoeira, caverna, floresta, mar, montanha, rio, dentre outros.

Os esportes praticados em ambientes abertos e que interagem com a natureza, tais como: trekking, escalada, mountain bike, paraquedismo, canoagem, etc. receberam diferentes denominações conforme se tornavam mais conhecidos e difundidos. Dentre estas, podemos listar: ‘esportes radicais’, ‘esportes de aventura’ e ‘esportes na natureza’.

A primeira delas é bastante contraditória porque, embora ‘radical’ seja relativo à ‘raiz’ e ao que é ‘natural’, este adjetivo também é empregado para determinar ações ou situações relacionadas com imprevisibilidade, risco sem controle e extremismo. Por isso, as áreas que englobam as atividades realizadas na natureza (lazer, saúde e esporte) preferiram não usar este termo para ampliar a utilização dos dois últimos, adotando o termo ‘Atividades Físicas de Aventura na Natureza’ (AFANs), pois, embora existam adversidades naturais que acarretem em riscos ao praticante, há diversas maneiras de se amenizar e/ou evitar acidentes.

Dentre as principais diferenças entre os esportes indoor (aqueles praticados em ginásios, quadras ou campos, cuja interferência da natureza é quase nula) e os esportes na natureza podemos dizer que a influência do ambiente na realização da prática é a maior delas. O praticante de atividades feitas ao ar livre depende 100% das condições que a natureza lhe dá de realizar ou não o esporte e também pode modificar o que acontece durante a atividade cada vez que ela é realizada. Como assim? Um grupo de pessoas pode remar por dez dias consecutivos na mesma OC6, saindo e retornando do mesmo ponto de uma praia e passando pelo mesmo trajeto, sempre no mesmo horário… certamente cada dia haverá pelo menos uma diferença em relação ao dia anterior: a maré pode estar mais alta ou mais baixa, as ondas com mais ou menos energia, o sol mais ou menos intenso, o vento soprando forte ou tão fraco que não se sente e daí em diante.

A canoa polinésia é uma atividade física/esportiva na natureza e, por isso, assim como todas as demais deste gênero requer um planejamento mais complexo do que as indoor porque nessas práticas, segundo Munhoz (2006, p; 197), “um mau planejamento pode custar uma vida” [sic.]. Então, antes de sair para remar é necessário ter conhecimento do maior número de situações que podem ocorrer durante o passeio, aula ou treino para que seja possível gerenciar os riscos.

Primeiramente, temos que compreender que há três componentes envolvidas na prática da canoa polinésia:

1) Praticante (sob os aspectos físico, técnico, cognitivo e emocional);
2) Equipamentos (canoa, implementos e equipamentos de proteção individual);
3) Ambiente da prática (mar, rio, lagoa, represa, outros. Praia, centro urbano, cidade interiorana, etc.).

Gerenciar os riscos significa primeiramente reconhecer sua existência e na sequência, conhecer as componentes envolvidas na atividade, calcular as variáveis e controlar as situações, sendo que: a) calcular significa mensurar com base em padrões, dados e estatísticas e b) controlar é o mesmo que ter domínio sobre algo, assumir o curso a ser tomado. Por fim, faz parte do gerenciamento de riscos aceitar que algumas situações não podem ser modificadas ou ignoradas e, para isso, existem diferentes opções de tomada de decisão.

No caso da Va’a o que é passível de ser calculado e controlado? Vejamos alguns exemplos e façamos possíveis reflexões:

Se olharmos separadamente para cada componente, vemos que os aspectos relativos ao praticante e à canoa, implementos e equipamentos de segurança são calculáveis e controláveis: é possível mensurar a força e moldá-la por meio de treinamentos específicos; fazendo manutenção regular na canoa pode-se avaliar a qualidade do material, o estado de conservação e tempo de vida útil; por meio de aparelhos e aplicativos, se obtém referências de clima, tempo, ondas, correntes, maré, etc. com boa qualidade de precisão, mas, vale lembrar que falando em ‘natureza’ é preciso considerar a incerteza e a imprevisibilidade.

Saber analisar e interpretar os sistemas de previsão de ondas e tempo, pode ser uma boa forma de prever investidas mal sucedidas no oceano

Por outro lado, fazendo um cruzamento entre dois ou mais componentes, o cenário pode mudar, por exemplo: durante um exercício de simulação de huli, realizado em circunstância propícia ao aprendizado, o aluno pode conseguir flutuar e nadar com facilidade utilizando apenas um braço e segurando um remo ou objeto com uma mão. Já, em uma situação de perigo eminente, como presença de correnteza, vento ou água em baixa temperatura seu desempenho de deslocamento no meio líquido pode ser diferente. Assim como um remador pode apresentar excelente indício de controle emocional em ambientes favoráveis, mas ao experimentar uma situação real de risco devido às intempéries climáticas, pode perder o autocontrole.

Como existem três componentes que se desdobram em muitas possibilidades e diversas alternativas de interação entre si, a prática em canoa polinésia requer um bom e minucioso gerenciamento de riscos. Se você ainda não fez isso ou se não fez de maneira sistemática , faça uma experiência com base nas circunstâncias vividas por seu clube/base no local onde está situado.

Inicie fazendo uma lista com os aspectos relativos de cada componente. Depois, relaciones as possibilidades de cruzamento para conhecer quais são as circunstâncias que podem ser vivenciadas durante a prática da va’a na sua região. Assim, após ‘conhecer’, ‘calcular’ e ‘controlar’, é necessário prever os desdobramentos nos casos das situações adversas que envolvem riscos e projetar os possíveis prejuízos – que podem ser de efeito humano e/ou material.

Por fim, após fazer a análise das possíveis situações, é hora de tomar decisões: sair ou não para remar, qual rumo seguir, quais pessoas estão preparadas para remar em determinadas circunstâncias, possibilidades de mudanças no trajeto ou nos objetivos e assim por diante.

Analisar os riscos e estar preparado para todas as situações na água

Os exemplos aqui trazidos são somente para ilustrar a interação entre as componentes da Va’a. O gerenciamento de riscos deve ser um ato constante para todas as pessoas que são responsáveis por uma canoa, base ou um clube. Grande parte do sucesso em termos de segurança na prática do remo depende da antecipação perante as inconstâncias humanas e da natureza e da compreensão e respeito às ‘mensagens’ que ela emite.

Os 6 melhores aplicativos para navegação

A tecnologia de hoje nos presenteia com programas e softwares para praticamente todas as atividades do dia a dia, são ferramentas inteligentes criadas para nos auxiliar nas tarefas, como é o caso dos aplicativos para navegação.

Com o crescimento dos esportes a remo no Brasil, é muito importante que o usuário tenha conhecimento das previsões de tempo, vento, swell e maré para poder programar seu treino ou até mesmo uma travessia.

As lojas especializadas recebem novidades numa velocidade surpreendente, existem aplicativos para todos os gostos e necessidades. Muitos deles se tornaram ferramentas de navegação indispensáveis, como tábuas de marés, planejadores de rotas, checklists operativas, previsão do tempo em alto mar e tráfego em tempo real.

Existem diversos aplicativos voltados para a área náutica, por isso separamos os 6 melhores para um passeio tranquilo e com segurança. Confira!

1. Navionics

Navionics

O Navionics é considerado o aplicativo mais popular pelos donos de embarcações. Disponível nas plataformas iOS, Android e Windows, o aplicativo conta com diversos recursos para uma boa navegação. Ele não apresenta somente a posição do barco, com  a referência da carta náutica, mas também, possibilita o planejamento de rotas, com detalhe de cada trecho percorrido.

Para montar uma rota no Navionics é necessário apenas marcar na tela os pontos que você deseja percorrer. O aplicativo exibe ainda o tempo de chegada até o seu destino. Muito parecido com um GPS, o Navionics não substitui o equipamento. Para sentir um gostinho de como é o app: clique aqui. 

2. Windy

Mais uma dica de aplicativos para navegação é o Windy. O aplicativo com foco nas questões meteorológica durante a navegação, apresenta uma confiabilidade muito boa na hora de mostrar previsões em relação às chuvas, direção e velocidade dos ventos. Para aqueles que apreciam navegar em alto mar, o Windy disponibiliza ainda as condições reais das ondas e correntes marítimas para um passeio mais seguro.

Outro diferencial do aplicativo é seu sistema de alerta. Para isso, basta que você configure para receber alertas sobre ventos, quantidade de chuva prevista, ondas e alagamentos. Todas as informações são recebidas por email no seu celular. O Windy está disponível para as plataformas iOS e Android.

Para Baixar, clique aqui

3. Windguru

 O Windguru é conhecido como um app Web Progressiva. Apesar de não ser um aplicativo, ele pode ser instalado no seu smartphone diretamente do Website. Com as atualizações todas automáticas, ele é um serviço especializado em mostrar as previsões meteorológicas para uma navegação tranquila e segura. Seu sistema está disponível tanto para Android como iOS.  Para entender melhor como instalar o Windguru, clique neste link.

4. WindAlert

Aplicativo disponível para Android e iOS, ele obtém informações sobre o vento, por isso é imprescindível para qualquer atleta antes de iniciar o treino. O WindAlert permite que o usuário tenha acesso aos dados climáticos de mais de 50 mil estações ao redor do globo.

Ele auxilia o usuário a planejar seu percurso de acordo com as previsões climáticas e informações retiradas dessas estações de observações meteorológicas como a velocidade e a direção do vento – isso tudo gratuitamente.

Android

Apple Store

 5. GlobalTide

O GlobalTide está disponível para Android e iOS em mais de 170 países e em até 30 idiomas. Por esse motivo, é também um dos queridinhos dos navegadores. Diferente do WindAlert que mostra informações sobre o vento, o aplicativo GlobalTide exibe dados sobre as marés em tempo real. Com ele é possível marcar determinadas áreas como suas favoritas, além de adicionar anotações e conferir informações meteorológicas antigas.

Baixe para Android

Baixe para Apple

6. Memory-map

Disponível para Android e iOS, o Memory-map leva o nome de uma empresa britânica que desenvolve uma grande variedade de soluções voltadas para navegação via GPS: seja em terra, no ar ou no mar. Esse aplicativo é o principal produto da Memory-map, por isso leva seu nome representando a funcionalidade de seus serviços.

O Memory-map é considerado um dos melhores aplicativos para navegação, por ser uma multiplataforma que permite ao usuário baixar mapas do mundo inteiro, e assim planejar suas viagens criando rotas personalizadas. Estão disponíveis mapas para download, cartas náuticas, cartas aéreas, mapas históricos, urbanos e de estradas.

Outra vantagem desse aplicativo é que o usuário tem a possibilidade de ter acesso a multiplataforma pelo Windows, logo ele tem acesso também a todas as cartilhas e anotações feitas pelo computador, podendo enviá-las para seu dispositivo móvel.

Baixe o aplicativo

Qual a importância de contar com aplicativos para navegação?

Os aplicativos para navegação marítima podem proporcionar ao capitão  e sua tripulação uma viagem segura, orientada e muito mais prática. Afinal, é de extrema importância que o passeio ou treino seja planejado e com antecedência. Os aplicativos colaboram para que possam ser estudadas as condições do clima, vento e ondas.

As atividades de navegação dependem de forma integral da meteorologia para otimizar as rotas, evitar acidentes e garantir a segurança de todos a bordo.

Agora que você já conhece os 6 melhores aplicativos para navegação, é só escolher os seus preferidos e começar a usá-los.

Alex Araujo
Alex Araujo
Alex Araújo é um dos pioneiros em criação de conteúdos esportivos na internet. Atua neste mercado desde 1996 como editor de renomados sites como CAMERASURF, SURF-REPORTER e nas revistas PARAFINA MAG e SUP MAG, e já colaborou com artigos nas Revistas Fluir, Inside,Hardcore e no Jornal Drop.
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