A Ilha de Fernando de Noronha é conhecida como o Havaí Brasileiro, tive oportunidade de ir para lá algumas vezes para surfar e sempre fiquei impressionando com a beleza exuberante das praias e a força do mar.
Sendo o Havaí Brasileiro, com certeza a canoa havaiana teria que ter espaço neste contexto.
Conversamos com o pessoal do Noronha Canoe Clube que faz um trabalho bem legal na Ilha, confira as dicas de quando remar neste paraíso.
Como surgiu o clube em Noronha?
O clube foi idealizado e fundado pelo Capitão Marco Aurélio Cunha em 2015. Na época ele trouxe as duas canoas, a Maka Launa, nossa OC4(para 4 pessoas mais o instrutor), e a Manaia, nossa OC2 (para duas pessoas contando com o instrutor). O Marcão já remava no Rio de Janeiro e teve esse sonho de trazer a canoa havaiana a Noronha para fazer passeios e treinamentos. O Danilo Junior, que hoje é o capitão responsável pela Maka Launa, trabalhava na oc2. A dupla de instrutores já sonhava junto esse clube em Noronha, virou um sonho comum.
Infelizmente em abril do ano passado nosso capitão Marcão se foi. Ele teve alguns problemas burocráticos por aqui, teve que se ausentar da ilha que tanto amava, já que estava aqui a mais de 10 anos, e entrou em uma depressão profunda. Não aguentou o baque. Para nós foi um momento de muita dor que jamais vamos esquecer, mas criamos forças para continuar este projeto. Foi então, em maio deste ano, que eu, Bárbara Polezer e o Danilo Junior assumimos o Noronha Canoe Clube, fazendo passeios com pessoas que já conhecem o esporte ou não, no amanhecer, segundo horário matinal e pôr do sol.
Como foi a logística para levar a canoa para Ilha?
A canoa OC4 foi fabricada pelo nosso grande amigo Geninho do Niue Va’a Brasil no Rio de Janeiro e a OC2 foi fabricada pela Paula da Tahiti, em Floripa. Como você pode imaginar a logística para as canoas chegarem aqui não foi nada fácil. Frete muito alto, grande risco de chegar com escoriações, mas deu tudo certo. Esse processo foi feito ainda em 2015 pelo Marcão.
Antes dele partir estávamos vendo de trazer mais uma OC6, que está nos planos de um futuro breve, esperamos trazê-la ainda este ano.
Quanto tempo tem o clube?
O Noronha Canoe Clube começou em 2015. Teve uma pausa entre 2017 e 2018 de quase oito meses por conta deste problema burocráticos e em seguida pela partida do Marcão, mas retornou com toda força em maio de 2018. O passeio ainda é considerado uma novidade em Noronha por conta dessas pausas. Atualmente são dois clubes em atividade.
Quais os principais cuidados que vocês têm na remada, pois como uma ilha o mar se comporta diferente do continente?
Sem dúvidas o mar aqui é bem diferente do continente. O passeio é feito na área do Mar de Dentro. O vento predominante é Leste, que nos joga sentido mar aberto, sentido Ceará, com isso, temos que sempre avaliar as condições climáticas para validar a saída. Como muitos turistas estão na primeira experiência com a remada em canoa havaiana, fazemos uma aula teórica na areia antes de entrar no mar para explicar a técnica da remada, a estrutura da canoa, do remo e introduzi-los no universo da canoa havaiana, suas tradições e história.
Os melhores meses para remada em Noronha são os meses de agosto, setembro e outubro, auge do mar paradinho, com poucos dias de vento forte. Claro, tem remada o ano todo, só não tem saída nos dias de muitas ondas ou entrada de swell, comum entre dezembro e fevereiro. Este ano por exemplo tivemos que desmarcar a remada do amanhecer apenas um dia em agosto pois estava realmente muito vento, nos demais, tudo perfeito!
Os principais cuidados são: sempre saímos com colete salva vidas na canoa para todo a tripulação. O Danilo explica antes de iniciarmos tudo que pode e o que não pode ser feito na canoa, como por exemplo, embarcar e desembarcar sempre pelo lado esquerdo, onde está a ama, que dá equilíbrio a canoa.
Já existem grupos de treino ou o trabalho de vocês é focado no turismo?
No momento estamos focados nos passeios com turistas, pois entendemos que essa é a maior contribuição que podemos dar ao turismo de Noronha.
No passeio, além da atividade de remar, o turista tem a chance de vivenciar de perto a vida marinha em habitat e comportamento natural. O passeio permite muita contemplação e experiência participativa da rotina no mar.
O Danilo além de instrutor, é guia credenciado do Parque Nacional e trabalhou por 6 anos no Projeto Golfinho Rotador, então o passeio se torna algo muito além da experiência de remar, vira um passeio turístico com muita informação e emoção.
No passeio fazemos uma parada para mergulho livre, que é super legal. Emprestamos máscara e snorkel aos turistas caso não tenham.
Temos dado a oportunidade para moradores interessados em remar fazer a pratica sem custo, mas não posso fizer que temos um time no momento e sim pessoas que curtem o esporte e estão iniciando a pratica.
Como vocês enxergam o crescimento do esporte na Ilha?
O esporte tem crescido muito na ilha, sem dúvidas. No momento o passeio é o grande diferencial na ilha, quem faz ama e indica!
Os moradores que remam com a gente estão super empolgados querendo cada vez mais se dedicar ao esporte, só falta tempo.
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