Ir do ponto A ao ponto B, esse e, basicamente, o resumo da nossa expedição. Separando estes dois pontos temos 830km, que fazem parte do segundo maior rio da América do Sul, o Rio Paraná. Teremos ainda um número gigantesco de ilhas fluviais, unidades de conservação, eclusas e, sem dúvida, desafios e aprendizados.
São 3 caiaques, sendo um duplo. Para fins de registro para produção de um documentário e para execução de um projeto de avaliação da qualidade da água ao longo do rio, em parceria com a ONG Rio Paraná/UFMS, temos um barco de apoio.
Nosso ponto de saída foi em Aparecida do Taboado/MS e nosso ponto de chegada será em Foz do Iguaçu/PR.
Já no início da jornada foi possível observar os efeitos da seca. Margens formadas por plantas submersas por lama, muita lama. Além disso, os esqueletos das arvores ficaram expostos, gerando uma bizarra visão e risco para a navegação. Mas, também comprovamos que a natureza e resiliente e, mesmo de longe, conseguimos ver animais como tamanduás bandeira, emas e uma abundância de espécies de aves.
Após a eclusa em Três Lagoas, mais precisamente na Ilha Comprida, nos deparamos com uma segunda cena impactante. A Ilha estava sendo consumida pelo fogo. Foi possível ver um grupo de macacos Bugio fugindo do fogo, pulando pelas poucas arvores da mata ciliar. Ao final do dia, já escuro, foi possível escutar o grito dos animais. A sensação de impotência foi gigante, afinal estávamos rodeados por água.
Passamos por 3 momentos de tempo muito ruim, com ondas e vento que também colocaram em risco a navegação. Aprendemos que o tempo aqui muda rápido e os sinais são sutis. Precisamos ser rebocados em meio à onda de quase 2m, nos abrigamos de uma tempestade de areia que deixou o rio e o horizonte completamente marrons e pra fechar, pegamos muita chuva durante um bom período, o que deixou barracas, roupas e almas molhadas. Nesse momento, após 380km de remada, estamos em Rosana/SP.
Por: Pedro Botafogo
Foto Capa: Fabio Quireli