Adelson Carneiro Rodrigues, vem realizando uma travessia inédita de caiaque oceânico do Oiapoque-AP ao Chuí-RS. Está última semana o remador sai da Capital Fortaleza sentindo o litoral leste do Ceará, e segue firme em sua missão. Continuando a série de matérias que denominamos como Diário de Bordo, o atleta nos manda mais informações, confiram:
A partida de Fortaleza foi bastante sinistra. O dia amanheceu com vento contra e a maré enchendo, fizeram o mar ficar muito agitado ao redor do cais Mucuripe. Ondas batiam nos espigões e levantavam altas misturando-se com rajadas de ventos, fazendo a paisagem parecer um caldeirão, ou máquina de lavar roupa.
Contornei com cuidado esses obstáculos e como é uma área restrita, a Capitania dos Portos do Ceará estava de Alerta para minha passagem no local, com autorização prévia do comandante Barillo.
A proa do caiaque caia nas cavas das ondas e o que vinha a frente era uma parede de água escura e assustadora.
Mas estava preparado e com muito cuidado avancei na direção da Praia do Futuro.
A paisagem porém mantinha-se a mesma com ondas grandes mas sem quebrar e na praia o todo instante ouvia-se a fúria delas rompendo o silêncio da manhã com seus sons característicos.
Lá no horizonte, sob névoa, avistava a localidade do Beach Park. Mas estava tão distante, apesar da pouca distância, vinte quilômetros, que desisti de remar no ritmo desejado.
A certa altura da praia do futuro, ouvi uns gritos ao longe, sob o barulho infernal das ondas.
Olhei tentando ver alguém, em vão.
De repente ouvi novamente. Pensei: será alguém que me viu e quis dar uma saudação de boa remada? Pois bem, notei então um rapaz remando uma prancha de stand up padlle e vinha na minha direção, rompendo a cada remada as ondas na zona de arrebentação.
Fiquei curioso, pois quem se habilitaria estar naquelas condições desfavoráveis só pra me cumprimentar?
Quando dei conta o cara estava próximo de mim. Aí fui perceber que era o meu amigo Heyner de Fortaleza que está me ajudando nas orientações pela costa cearense.
Fiquei eufórico e aproximei dele. Nos cumprimentamos e em seguida, depois de mais uma orientação, seguindo cada um para seu objetivo.
Achei incrível essa coincidência e, no entanto, nem ele esperava por isso. Pensou até ser um pescador passando por ali. Mas quando percebeu a velocidade do caiaque, achou que fosse eu mesmo.
O Beach Park já estava nítido no meu campo de visão. Ao perceber as proximidades do local, vi muitas ondas quebrando na praia em forma de rolo.
Ao meu lado direto havia um local também com um escorregador igual a esses do Beach Park e então bateu uma dúvida. Será aqui o local?
E vendo as ondas mais compassadas e sem volume, não tive dúvidas; ali mesmo aproei para praia. Esperei a série de ondas e ataquei rápido para a próxima. A onda levantou a popa do caiaque e começou a lançar-me para frente com deslizamento reto.
Cheguei na areia depois de uma bela surfada e a certeza definitiva de que havia entendido essa manobra macabra.
Fiz contato com o Daniel, outro amigo apoiador em Fortaleza.
Depois de uma hora já estava tomando banho no @hotelsantuariodasaguias.
Dois dias de descanso naquele paraíso foram suficientes para recuperar as forças e seguir para o Canto do Iguape, dezesseis quilômetros a frente, para o sul.
A recepção na chegada foi extraordinária, com acolhimento familiar dos amigos Tony, Jeferson, Dimas, Arlindo, entre outros ali presente.
Logo prepararam um caldo de Caranguejo quentinho e um almoço delicioso a base de peixe fresquinho.
Dormi ali uma noite prazerosa, me sentindo na própria casa.
O dia seguinte, amanheceu belíssimo sem vento e com mar parecendo piscina.
Parti ao raiar do dia com ajuda dos amigos ali presente. Tê-los como novos amigos foi de fato um presente.
Seguindo com calmaria as ondulações praticamente lisas, só no balanço do mar, avistei Caponga.
Parecia mágico, lá longe, em meio a bruma da manhã. Ainda de longe, mas com a orla já nítida, percebi surfistas ao longa de toda extensão da praia. Putz aquilo me preocupou, pois sabia que se tinham surfistas, teriam também grandes ondas.
Aproximei. Um dos surfistas, ali sentado sobre a prancha, esperando a onda boa, orientou-me seguir um pouco mais a frente, onde havia um bom espaço entre as ondas, naquele momento.Segui aquela orientação e aproei para praia, a onda veio e o caiaque ganhou velocidade instantânea, foi outra surfada espetacular.
Meu apoio em Caponga, Marcos Farney, que também é surfista e representante comercial de equipamentos esportivos de surf, estava lá para me ajudar.Seguimos com o caiaque para o Colônia de pescadores pra guardar o caiaque e na sequência seguimos para o repouso fantástico num dos melhores hotéis da região; o @hoteljangadas do meu amigo Mamede.
Dois dias de descanso e agora pronto para seguir viagem e com destino : Uruaú, vinte e cinco quilômetros a frente.
Seguimos……