Poucas pessoas no universo do va’a brasileiro sabem disso, mas o nosso país é o pioneiro na construção de uma canoa voltada exclusivamente para o surfe. A OC1 SURF, idealizada por Celso Filetti, desenvolvida por Diego Vale e lançada pela Evolution Canoe em 2010, é bem mais curta do que uma canoa convencional, com 3,70 metros de comprimento, tem o shape mais arredondado (tanto a canoa quanto a ama) e o bico mais levantado, com um formato parecido com o de uma banana, o que fez com que ganhasse o apelido de Bananinha. Em 2010, a canoa foi testada e aprovada pelos melhores remadores do país, como você pode ver no vídeo histórico que resgatamos e trazemos com exclusividade para vocês.
Como o assunto do surfe de canoa está em alta no país devido ao swell que entrou na costa brasileira na última semana, gerando grandes ondas e aventuras de remadores dropando em diferentes picos, incluindo a Laje da Besta, decidimos resgatar um pouco da história desse equipamento. Esta semana o super campeão Cauê Serra postou em suas redes sociais fotos de 2013 dropando com a Bananinha nas ondas de Juquehy, em São Sebastião (SP). E surgiu a curiosidade: como foi criada e o que aconteceu com essa canoa?
A OC1 SURF nasceu de um pedido do remador Celso Filetti para a construção de uma canoa infantil. Quando pronta, Diego e Filetti observaram o potencial da canoa para o surfe e a Evolution deu início à fabricação. Desde então, cerca de 50 unidades foram comercializadas. Hoje a Netuno, parceira da Evolution, ainda fabrica a OC1 SURF sob encomenda, com valor de partida de R$ 4.800,00.
Celso Filetti conta de onde tirou a ideia da OC1 SURF. Por incrível que pareça, Bananinha nasceu da ama de uma OC4.
“Um dia eu trouxe a Makaha, uma OC4, lá do Havaí, e a ama tinha um rocker bem grande, uma curvatura bem legal. Na época, meu filho Bruno tinha 8 anos e já tinha uma canoa, e o Juliano tinha uns 4 ou 5 anos. Pensei: vou desenvolver uma canoa pro Juliano, meu filho menor. Falei: essa ama tem uma curvatura muito legal, se a gente colocar um iako e uma ama pequenininha, ele se torna uma canoa. E aí perguntei pro Diego se ele podia fazer. Era tirar uma casquinha e fazer um barco. E ele fez e ficou navegável, foi muito legal, eu tenho essa canoa até hoje”, relembra Celso, pioneiro do va’a no Brasil.
Ao ver a canoa pronta, Celso e Diego fizeram alguns ajustes para que a canoa pudesse ser usada por um adulto: “Teria que ter mais volume. A gente teve que alargar o barco literalmente. O comprimento nós mantivemos e alargamos em circunferência, demos mais volume. Aí veio a OC1 SURF”, relembra Filetti.
O remador, que também é veterinário, explica que, por ser uma canoa menor, Bananinha se encaixa bem nas ondas de beira de praia, não em ondas oceânicas. “Ela é muito solta, é muito leve, é muito manobrável. O leme é igual ao da OC1 convencional, mas como a canoa tem a metade do tamanho, ela se torna muito mais manobrável. Você consegue surfar com uma destreza muito maior”, explica.
E a boa notícia é que vem novidade por aí. Diego sonha em lançar um projeto atualizado da OC1 SURF, com encaixe para os iakos, em vez da amarração da versão original, e outros ajustes:
“É um projeto que merece atenção para ter melhorias. Acredito que dentro de um ano possamos trabalhar nisso. Com a experiência que já temos, podemos usar o iako de encaixar, como na OC1 convencional. Pois, como vimos com o Pedro Ivo Mello, naquela onda gigante da Besta, quem mais sofreu foram os iakos. Podemos deixar o banco também mais encaixado, não ficar sentado ali fora, para não sentir esse desequilíbrio nela. A canoa pode ser um pouco mais alta, mais barrigudinha, não para os lados, para cima, deixar o cockpit mais encaixado. No geral são as modificações que eu faria nela”, antecipa Diego.
Ainda com essas modificações, não se empolgue, querido leitor. Não é com essa canoa que você vai surfar a Laje da Besta. Diego explica que a OC1 SURF não é feita para ondas grandes:
“Essa canoinha é show de bola, ideal para meio metro de onda, no máximo um metro de onda gorda. Se for um metro de onda cavada, aí não rola. Nas ondinhas mais lisinhas é o maior lazer, é um brinquedão”, conclui.
Então, fica a expectativa para conhecermos de perto a Bananinha versão 2022.
Riena Gasako surfando na sua OC1 SURF Hina
Por: Danielle Chevrand
Danielle Chevrand é jornalista formada pela PUC-RJ em 2002, com passagens pela editoria de Esportes do Jornal do Brasil e pelo esportivo Diário LANCE!. Atualmente é uma das sócias do clube Fusão Va’a, de Niterói. Entre os diversos títulos em competições, foi duas vezes bronze na categoria OC1 Open da Rio Va’a (2018 e 2019), e vice-campeã brasileira de OC2 com Rodrigo Rodrigues em 2019, em Búzios.
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